Por Roberto Robaina vereador pelo PSOL e líder da oposição na Câmara de Porto Alegre
Os rodoviários estão brigando pelos seus direitos. Marchezan está atacando os cobradores de ônibus de Porto Alegre. São mais de 3,5 mil cobradores desesperados pela possibilidade de perderem seus empregos caso o projeto que extingue a categoria, apresentado pelo prefeito à Câmara Municipal, seja aprovado. A proposta é lançada sob o pretexto de que haverá redução da tarifa e de que é preciso "modernizar o transporte público" tal como ocorre em "outras cidades do mundo". É mentira. Quando a redução de custos das empresas significou redução no preço das passagens para os usuários? Engraçado, ademais, que essa "necessidade de modernização" não se tornou tão urgente para o governo municipal quando a população só pedia a dignidade de uma frota com ar-condicionado.
Marchezan ataca sistematicamente empregos porque trabalha para a iniciativa privada. Vejam a crise que instalou na saúde de Porto Alegre ao anunciar que demitiria 1,8 mil servidores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) para colocar uma empresa a prestar o atendimento à população. A extinção dos cobradores é mais uma demonstração disso e chega à revelia do cenário dramático de mais de 500 mil desempregados do Rio Grande do Sul e de uma crise econômica que apenas se agrava com medidas desta natureza.
Um projeto como esse não deve considerar "outras cidades do mundo", mas a realidade social, de trânsito e violência da Capital. Os cobradores de ônibus não são meros caixas das empresas de transporte. No dia a dia, são o braço direito de motoristas e passageiros. Idosos, pessoas com deficiência e crianças têm seu acesso facilitado aos coletivos graças à ajuda dos cobradores. O que seria dos motoristas sem esses parceiros para orientar o embarque e o desembarque dos passageiros num cotidiano de ônibus lotados e trânsito caótico? O cobrador se torna o retrovisor do motorista. É dele também o olhar mais atento aos riscos no ir e vir de uma cidade violenta. Ficarão os motoristas, já sobrecarregados, os responsáveis por tudo isso? Não à toa, os rodoviários estão mobilizados para salvar o trabalho desses colegas.
Talvez o prefeito, que tanto caminhou à época da campanha, tenha esquecido de embarcar na vida real do transporte público da cidade que pretendia governar. É o legítimo que pegou o Viamão lotado é quer janela.