Por Rodrigo Mata Tortoriello, secretário extraordinário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre
As pessoas detestam mudar. Mas a única coisa capaz de trazer progresso é a mudança. Para isso, é preciso ter vontade de fazer diferente. Com o propósito de avançar, a gestão do prefeito Nelson Marchezan Júnior se esforça para modernizar a máquina pública. Este é o espírito da proposta de não exigir cobradores de ônibus no transporte coletivo. O projeto de lei em análise pelos vereadores integra uma série de medidas para melhorar a mobilidade urbana, racionalizar custos e conter o preço das tarifas. O segmento vive um momento de crise ao enfrentar os aplicativos e outros modais que diminuem o número de passageiros nos ônibus.
Apesar de gerar queixas da categoria e alegações inverídicas de que a profissão acabará, está bem claro no projeto que nenhum cobrador será demitido! A ideia é que o profissional deixe de ser obrigatório em situações, dias e horários específicos, e em linhas com baixa demanda. A obrigatoriedade será retirada apenas em dias de passe-livre, domingos e feriados, das 22h ?às 4h, nas linhas com poucos passageiros. Ainda haverá qualificação profissional gratuita aos interessados que queiram aprender outras funções, preservando seus empregos.
Caso vire lei, o pagamento da tarifa será modernizado com a implantação do cartão de bilhetagem, com débito, crédito e outras formas eletrônicas. Se nada for feito, a certeza é que teremos um reajuste ainda maior em 2020, o que inviabiliza o sistema cada vez mais. Para nós, cuidar do transporte coletivo é pensar naqueles que mais precisam. Portanto, só se opõe ao projeto quem pensa somente nos interesses individuais, contra a coletividade de uma Porto Alegre mais conectada com o futuro.
Cabe lembrar que o tema não é novidade no país, já que em 28 cidades – como Belo Horizonte, Fortaleza e Aracaju – a presença do cobrador não é exigida. Também é comum no mundo inteiro que a função seja extinta com o tempo por perder a necessidade. Mesmo assim, a lei trata de uma transição gradual. Estamos sendo realistas, nos preparando para o futuro e pensando nos cobradores. Com transparência e diálogo, a Prefeitura está aberta às contribuições para discutir soluções que evitem o colapso do transporte coletivo.
Como já disse Bernard Shaw, "o progresso é impossível sem mudança; e aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada". Nós e o prefeito Marchezan só temos medo de uma coisa: de não mudar!