Por Alfredo Fedrizzi, conselheiro, consultor e jornalista
Em quase todos os ambientes da sociedade em que vivemos, e especialmente nas empresas, muitos estão em pânico diante das tecnologias e do quanto nos tornamos acelerados diante delas. Se sentem defasados e devedores. Por mais cursos que façam, por mais livros e textos que leiam, nunca conseguem estar em dia com os avanços mais recentes. E perdem o pé das situações. Sempre tem algo mais novo, que ainda não sabem. Isso está a serviço da construção de uma sociedade adoecida. Ocupados com a tecnologia, com as atividades que vão desaparecer, com empregos que vão sumir, ficamos apegados ao passado, e desta forma esquecemos de cuidar de nós, do que estamos sentindo diante disso.
Se olharmos a catástrofe que pode acontecer, com milhões de desempregados, de profissões que vão desaparecer, de nada adianta termos computadores quânticos mais velozes, inteligência artificial, acesso a dados cada dia mais completos, algoritmos incríveis, se as pessoas estiverem doentes. Nos venderam um mundo em que a tecnologia resolveria tudo. E a gente acreditou. Agora a conta começa a aparecer. Suicídios, depressões, doenças emocionais, abandonos de carreiras, competição feroz, não só com os humanos, mas também com a produtividade das máquinas, relacionamentos desfeitos, mostram que estamos esquecendo de cuidar das relações e da saúde emocional.
Algumas organizações já se deram conta de que a diferença quem faz são as pessoas. E não as máquinas. E que, para atrair os melhores talentos, todos querem ambientes mais saudáveis, de maior respeito pela individualidade e necessidades de cada um. Participo da ONG Aldeia da Fraternidade. Lá, cuidamos primeiro da saúde emocional dos funcionários, para depois nos dedicarmos aos processos. Uma gestão que trabalha a potência de cada um, deixando de lado a ética do poder, trouxe resultados em pouco tempo e hoje ela já serve de referência para muitas organizações. Pessoas mais felizes, liderando totalmente suas áreas, alcançando resultados muito acima dos anteriores.
Então, que tal se começarmos o dia cuidando de nós? Ao acordar, em vez de olhar o celular, começarmos o dia com alguns minutos de meditação? Em seguida, uma atividade física de uns 30 minutos, pelo menos. Depois de um café, de preferência com a família, começarmos a nos envolver com o trabalho, lendo algum texto profissional e só então iniciarmos nossa agenda do dia. E, em alguns momentos, reservarmos alguns minutos de pausa, de busca de equilíbrio, para manter bons estados emocionais. A tecnologia precisa estar a serviço do ser humano e não o contrário. Diante de tantas inovações, nada mais inovador do que olhar para dentro de si. Como diz o professor de Psicologia do Yoga, Jorge Knak, "para quem o propósito de vida é o autoconhecimento, não existe fracasso".