Por Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul
O fato de a crise financeira gaúcha perdurar há três décadas gera ao menos um efeito positivo: todos os maiores partidos já passaram pelo Palácio Piratini e conhecem o tamanho da dificuldade de caixa que praticamente paralisa o setor público do Rio Grande do Sul. Sabem, portanto, que não há mais espaço para a sociedade aceitar saídas delirantes e malabarismos fiscais. Chegou a hora da verdade.
É a realidade dos números, portanto, que move com razão técnica as propostas da Reforma RS. Apresentamos à Assembleia Legislativa um conjunto de medidas de revisão de carreiras e regras previdenciárias amplamente discutido com aqueles servidores e parlamentares que se dispuseram a ouvir e compreender. São ajustes duros, sabemos, que acirram ânimos e geram enfrentamentos, mas são decisões inadiáveis.
A persistência com que o Rio Grande do Sul conduz uma política assertiva de austeridade já está sendo, inclusive, notada. O Brasil observa o que estamos fazendo aqui. A aprovação da Reforma RS é peça-chave na adesão ao regime de recuperação fiscal (RRF). Com ambas, podemos não só voltar a pagar em dia nossos servidores como também teremos condições de nunca mais atrasar os salários, além de retomar a capacidade de oferecer serviços públicos de qualidade à população e investimentos.
Nossa persistência é fruto da convicção. Queremos tranquilizar a sociedade gaúcha, em nome de quem propusemos as medidas: agora o remédio pode parecer amargo, mas lançamos as bases de uma transformação. São as pessoas que, no fundo, acabam afetadas pelos prejuízos de um governo em crise financeira permanente. São elas que aguardam as respostas. Por isso, um governo de soluções não pode recuar do compromisso de agir.
A pressão de servidores contrários às mudanças é legítima. Procuramos ouvi-los e aceitamos ponderações. Inclusive, melhoramos a nossa proposta para o plano de carreira dos professores. Agora, cabe ao parlamento decidir, com as suas soberania e sabedoria. Creio que as experiências do passado e o conhecimento do presente serão parâmetros de lucidez no voto de cada deputado. Precisamos avançar, porque o Rio Grande do Sul tem pressa e aguarda este reencontro com o seu futuro.