Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A decisão do Supremo Tribunal Federal sobre prisão em segunda instância e a soltura do Lula e de outros corruptos desacreditam o País, as instituições e a utopia de uma sociedade regida por preceitos e mecanismos regulatórios eficazes.
A forma como o Estado administra o respeito às regras e demonstra os valores éticos e morais está desmoralizada socialmente, pois evidencia, cada vez mais, que a corrupção compensa. Ela se tornou sistêmica e endêmica nos setores públicos e nas relações público-privadas.
O corrupto com recursos financeiros tem mecanismos protelatórios que garantem a sua impunidade graças a uma Constituição que consolida o desequilíbrio entre os infindáveis direitos e os correspondentes deveres. A soltura de Lula e de outros corruptos é mais uma ação que enfraquece a Operação Lava-Jato. Lula, com versões populistas, buscará assumir o papel de vítima da Operação, da direita e dos ricos. Dirá que foi ele o herói gerador de empregos e redutor da pobreza e que a sua queda causou perdas dos direitos trabalhistas. As reformas paradigmáticas necessárias para melhorar o Brasil terão, agora, reforço oposicionista.
A pouca habilidade política de Bolsonaro poderá favorecer o crescimento de um oposicionismo populista de discurso "vitimista". As entidades e lideranças brasileiras comprometidas com o País precisarão se posicionar a favor de valores éticos e morais e demonstrar sua insatisfação com a corrupção e com a decisão do STF, exigindo, de forma mobilizada, afirmativa e equilibrada, uma legislação que encerre esta questão; expressar total apoio à aprovação de uma Proposta de Emenda Constitucional que consolide um sistema regulatório capaz de valorizar a Lava Jato e iniciativas similares no combate aos corruptos condenados ou sob investigação.
A PEC, sem o apoio da sociedade, não se efetivará no Congresso. Lula é exemplo emblemático e sua volta à prisão, além do julgamento dos demais processos que existem contra ele, precisam ser conduzidos agilmente, sem as procrastinações típicas do nosso Judiciário. Não se trata de ser contra o Lula, mas contra a corrupção e a favor da prisão de todos os que roubaram recursos públicos que deveriam ser destinados ao atendimento da população nas áreas de saúde, educação e segurança. Urge evidenciar que o crime de corrupção não compensa!