Por Nadine Clausell, médica, diretora-presidente do HCPA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu o dia 17 de setembro como o dia mundial pela segurança do paciente. Anualmente, ocorrem 134 milhões de eventos adversos relacionados a falhas na segurança em hospitais em países de baixa e média rendas, resultando em 2,6 milhões de mortes. A OMS estima que quatro entre cada 10 pacientes atendidos na atenção primária sofram danos, 80% evitáveis. Seis metas internacionais de segurança do paciente foram definidas pela OMS, compreendendo: identificação correta dos pacientes; melhorar a comunicação entre profissionais de saúde e com os pacientes; melhorar a segurança do uso de medicamentos; garantir a realização segura de cirurgias; reduzir o risco de infecções associadas à assistência a saúde e o risco de danos causados por quedas de pacientes. O fundamental é que sejamos capazes de conversar sobre práticas assistenciais seguras neste dia, tanto com os pacientes quanto com profissionais de saúde, e que ninguém deve sofrer danos no cuidado em saúde.
O recente incêndio no Hospital Badim, no Rio de Janeiro, evidencia a importância do assunto no Brasil. Como política pública, a segurança do paciente é prática recente no Brasil, estabelecida a partir de 2013 pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente. No mesmo ano, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre foi o primeiro hospital de ensino no país a obter a acreditação estabelecida pela Joint Commission International, que prioriza o cuidado seguro.
A promoção da segurança do paciente pressupõe o estabelecimento de relações de confiança, respeito e inclusão, tornando possível conversar abertamente sobre falhas e erros e adotar medidas efetivas comprometendo a todos com práticas de segurança. Num mundo hiperconectado, as pessoas, a imprensa e as redes sociais possuem papel fundamental na promoção de uma cultura de diálogo. Promover relações interpessoais que permitam aos indivíduos relatar erros ou quase acidentes sem repreensão ou punição é fundamental para estabelecer uma cultura de segurança. Envolver os usuários dos serviços de saúde nesse diálogo é reforçar o direito à saúde como direito humano inalienável.