Por Aline Kerber, socióloga e presidente da Associação Mães & Pais Pela Democracia
A sociedade não pode assistir passivamente aos ataques à democracia sem promover a resistência, e não pode contar apenas com os seus representantes políticos. Como Associação Mães e Pais pela Democracia, fundada para garantir o direito à educação livre e plural, temos de educar pelo exemplo e agir efetiva e afetivamente como leoas e leões em defesa da liberdade de expressão e da pluralidade de ideais, haja vista que não há educação possível na democracia sem o acesso à cultura, preconizado na Constituição Federal como marca indelével de uma convivência cidadã.
Nesse sentido, diante de um ato flagrantemente autoritário da sua Excelência, a presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, na esteira da inominável censura obscurantista ocorrida na Bienal do livro no Rio, na semana passada, que tem prejudicado a diversidade de opinião e de livre manifestação, próprias da arte, da cultura e do fazer intelectual, exemplarmente rechaçada por decisão do STF, entendemos que é papel da sociedade civil organizada de caráter democrático proteger os artistas e a liberdade de expressão, bem como o direito à cultura e à informação, sem restrições de ordem moral ou ideológica.
O mandado de segurança impetrado contra o ato de censura, garantido pelo deferimento de liminar do Poder Judiciário do RS, em uma parceria de nossa entidade com a Associação de Juristas pela Democracia, representa a reação legítima da sociedade em defesa dos direitos humanos, da democracia, dos professores perseguidos, das minorias e da oposição em geral a este pequeno grupo protofascista que está saindo como perdedor neste momento histórico ante vitória maiúscula das forças democráticas gaúchas lideradas por novos atores sociais progressistas destas plagas.