Por Rafaela Barros, advogada, especialista em família e sucessões
Muitos são os que sofrem na fila de espera de adoções no País, até que desistem de dar uma chance a si ou a uma criança ou adolescente. Do latim adoptio, o significado da palavra adoção é tornar alguém como filho. Eis o desejo de tantos.
Não faz muito, houve a extinção das Rodas dos Expostos no Brasil, que era uma porta giratória embutida para que pais deixassem os filhos recém-nascidos aos cuidados de instituições de caridade. Em Porto Alegre, só em meados de 1950, a Roda presente na Santa Casa foi desativada. Infelizmente, à época, a motivação de seu fim se deu pelo alto custo de abrigamento das crianças.
A Constituição Federal de 1988 inaugurou uma nova consciência jurídica na sociedade brasileira, ocasionando um novo tratamento legislativo para esta triste realidade, mediante alterações no Código Civil (1916), a edição do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) e, mais tarde, do Código Civil (2002) e da Lei da Adoção (2017).
Tantos avanços no plano legislativo não repercutiram intensamente no tecido social. A burocracia e o preconceito coletivo fizeram com que, hodiernamente, em média, de 42 mil pretendentes habilitados no Cadastro Nacional de Adoção, menos de mil e quinhentos deles aceitem adotar crianças com até 8 anos de idade, menos de 4% deles.
Frente ao descompasso entre a lista de pretendentes e de menores disponíveis para a adoção, faltava um olhar sensível e grandioso. Tal olhar se revelou por meio da menina gaúcha Marcella Bertoluci que, com apenas 18 anos, criou o Missão Diversão. O projeto foi selecionado para participar de uma conferência da ONG Junior Achievement, na Áustria, e ensina, dentre tantas coisas, a não nos limitarmos a ideias pré-concebidas. A força dos jovens ajuda a construir e visualizar novas saídas para grandes problemas sociais.
Então, a nós, sociedade, só resta agradecer! Parabéns, Marcella! Parabéns, pais e filhos!