Por Sebastian Watenberg, presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, membro do Jewish Diplomatic Corps do WJC
De acordo com as investigações levadas a cabo pelo governo argentino ao longo dos anos e, em especial, pelo trabalho desenvolvido pelo promotor Alberto Nisman, no dia 16 de agosto de 1993, às 16 horas e 30 minutos, na cidade de Meshed, "capital espiritual do Irã", foi realizada a reunião do Conselho de Segurança do país. Na ocasião, foi tomada a decisão de realizar o atentado terrorista à Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), com a explosão de um carro-bomba. Trata-se do maior ataque cometido contra a comunidade judaica na América Latina.
A reunião foi presidida por Ali Khamenei, líder supremo religioso, e contou com a presença do presidente Alí Akbar Rafsanjani, do Ministro de Relações Exteriores, Alí Velayati, do Chefe de Inteligência e Segurança, Mohamed Hijazi, e do Ministro da Informação, Alí Fallahjian. A proposta do ataque foi feita pelo Coronel Ahmad Vahidi, após a exposição de Ahmad Reza Asghari e Moshen Rabbani, que detalharam as condições do ataque.
Foi um membro do Hezbollah, Ibrahim Hussein, que, ingressando pela Tríplice Fronteira, com o apoio de uma célula local da organização terrorista, executou o ataque. Passados 25 anos, sabemos como foi planejado e executado o ataque. Sabemos quem estava envolvido e há provas acerca da materialidade do crime; da participação dos mentores intelectuais mencionados; da participação direta do Irã no ataque, por meio do seu proxy Hezbollah. Entretanto, ainda não temos o principal: justiça.
Temos o dever de construir uma América Latina cada vez mais plural, aberta e que respeite os direitos humanos e os valores democráticos. Mas isso só poderá ser atingido se obtivermos justiça. Neste 18 de julho, quando completamos um quarto de século do brutal atentado em Buenos Aires, que ceifou a vida de 85 pessoas e feriu centenas, sabemos qual a melhor homenagem às vítimas: a punição dos responsáveis.
Um caso desta magnitude ainda não resolvido só alimenta a angústia de que o tempo passa e não temos a mínima sensação de vontade política para buscar resoluções. Poucas situações são tão ameaçadoras para uma democracia quanto a sensação coletiva de impunidade. O terrorismo é um inimigo que não respeita fronteiras e ele continua próximo de nós.