Por Gabriel Wainer, apresentador do @RivoNews
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, está inelegível pelos próximos oito anos. A decisão é do Tribunal Regional Eleitoral do Estado, portanto ainda cabe recurso, que já foi interposto. Caiado é acusado de usar o Palácio das Esmeraldas – o Piratini goiano – para realizar eventos eleitorais em favor de seu candidato para a prefeitura de Goiânia nas últimas eleições, Sandro Mabel, que foi cassado na mesma decisão. A explicação da juíza do caso é a de que o Palácio das Esmeraldas é um bem público, embora o governador more lá.
Não surpreende que a ação que levou a esta decisão tenha vindo do PL
Num país como o nosso, onde a imoralidade e a incoerência são inexoráveis, não surpreende que a ação que levou a esta decisão tenha vindo do PL de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro.
Também não surpreende a coincidência da decisão do TRE-GO ter sido divulgada um dia antes da divulgação da pesquisa Quaest, que coloca Caiado como candidato importante na corrida de 2026, com um resultado que preocupa muito os estrategistas de Brasília: mesmo sendo menos conhecido nacionalmente do que Lula ou Haddad, Caiado alcançaria 20% dos votos em um hipotético segundo turno contra qualquer um dos petistas. Esse desempenho inicial, combinado com os impressionantes 88% de aprovação de seu governo entre os goianos – que o consagram como o governador mais bem avaliado do país –, representa um potencial de crescimento que apavora tanto o PT quanto o PL.
Ronaldo Caiado ocupa uma posição singular no espectro político liberal-conservador porque não pertence à “ala psiquiátrica” da direita brasileira. Não faz parte daquela turba que não viu o muro de Berlim cair, que acampa em frente a quartéis, que é contra vacinas e que acha que Michelle Bolsonaro é a melhor opção dos conservadores caso seu marido permaneça inelegível até as próximas eleições. O governador mais bem avaliado do Brasil é de direita e ameaça não só a hegemonia petista, mas também o delírio de grandeza de Bolsonaro, que, como seu nêmesis Lula, não suporta a ideia de não ser a única opção do povo.
Não é sobre ideologia, não é sobre projeto de país. É sobre poder.