Por Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul e presidente do Instituto Reformar
Em um momento de tanta passionalidade no universo político, o desafio é analisar cenários sem as viseiras do superdimensionamento – seja para o negativo, seja para o positivo. A economia brasileira teve medidas importantes nos últimos meses, mas o país ainda está longe de vislumbrar um cenário sólido. A Reforma da Previdência é um avanço significativo. Porém, ainda falta passar por outras aprovações e – o que é mais lamentável – até agora deixou de fora estados e municípios. Ora, não se reconstrói o todo sem cuidar das partes. Ou, em outras palavras: a Federação não sairá da crise se não recuperar suas unidades federadas.
Também tivemos outros avanços. O acordo do Mercosul com a União Europeia abre portas para o nosso bloco, até então estagnado. Todavia, os frutos concretos dependem de profundos ajustes internos, sob pena de ferirmos ainda mais a competitividade de alguns setores. A Medida Provisória da Liberdade Econômica põe o dedo na ferida da burocracia, mas também é iniciativa de impacto no médio prazo. A diminuição do compulsório, o viés de baixa na taxa básica de juros e a liberação do FGTS são outros três fatores que contribuem para criar um ambiente favorável na economia.
Mas isso tudo não basta. O governo precisa olhar – e tomar atitude – para a retomada do crescimento. A economia está parada, o desemprego está aos milhões e o clima de desconfiança ainda não foi superado. E o gosto por pequenas brigas gera uma insegurança sobre o futuro do governo. Não há, pelo menos até aqui, uma política clara de retomada do desenvolvimento, que envolva todos os setores produtivos. É necessário acelerar concessões e privatizações, programar obras públicas, destravar a indústria e, claro, dar sequência às demais reformas – especialmente a tributária.
Não é crítica ou elogio; apenas constatação. Não é pessimismo ou otimismo; apenas realidade. A vida fora da redoma das disputas políticas e ideológicas pede respostas, especialmente com ações concretas para a recuperação da economia e a geração de empregos. A situação é muito grave para desperdício de tempo, foco e energia. O governo precisa mostrar a que veio – de verdade – e reverter o quatro atual. Porque o Brasil precisa voltar a crescer.