Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
É notável o esforço da sociedade brasileira para influenciar na tarefa de reformar o sistema de previdência do Brasil. Há uma grande participação dentro de limites do que cada cidadão é capaz de utilizar em termos de instrumento de comunicação. O primeiro resultado se deu na semana passada, no Congresso Nacional, com uma votação considerada extraordinária favorável à reforma e que estabeleceu um caminho para aprovação final em seguida. Isto vai ser algo fundamental para o equilíbrio das contas de uma nação endividada e que soma todo mês uma elevada diferença entre despesas maiores que receitas.
O mais interessante neste caso está sendo o pleno funcionamento do parlamento. Ali todos se envolvem e passam a ocorrer conflitos, debates e alinhamentos de ideologias e procedimentos. As normas de funcionamento da Casa ainda beneficiam o sistema existente (a coisa evolui devagar), mas mesmo assim um vento forte de mudança vai abalando a estrutura superada num contexto de novos atores.
Esta reforma vai ser a primeira de um conjunto com outras e o atual exercício de discuti-la e aprová-la vai muscular o parlamento para o que vem por aí: mais votações e mais mudanças. Independente da cor das camisetas há uma vitória implícita da sociedade aqui: as eleições trouxeram novos ares e cabeças para o Executivo e para o Legislativo. Em política, fala-se que uma direita surgiu muito mais atuante e sem o constrangimento de defender o que vem dando certo no resto do mundo: o capitalismo, a discussão mais franca sobre valores de uma nação e uma severa crítica às ideias festivas de uma esquerda irresponsável. Isto é muito benéfico ao país, independente da forte reação dos ameaçados que emitem espasmos contrários às mudanças.
Eles se concretizam em comportamentos obtusos de políticos no plenário, em argumentos desprovidos de consistência conceitual na mídia, geralmente desqualificando as ações do novo governo muito mais com argumentos de ressentimento político do que informação verdadeira e independência. Compreender o processo e a verdadeira revolução que está acontecendo é fundamental para se participar deste novo Brasil, amadurecido em sua democracia e no caminho de ser uma grande economia mundial a partir de suas reformas.