Por Daniel R. Randon, presidente das Empresas Randon
Semana passada, estive na Índia e presenciei a euforia de empresários e investidores após a reeleição do primeiro-ministro Modi, que conseguiu, no seu mandato anterior, formar uma coalizão avançando reformas importantes que colocam o país a taxas de crescimento sustentável para os próximos anos. Já no Brasil, a euforia passou e estamos atravessando um período delicado, causado pelo desalinhamento entre pensamentos, correntes e interesses. Governo e Congresso não se entendem e colocam em risco uma agenda de reformas anticrimes, reforma da Previdência e reforma ministerial, que em muito contribuiriam para o equilíbrio das contas públicas e para um futuro mais promissor para este país. Manifestantes não identificados com partido políticos foram às ruas e legitimamente mostraram que querem um Brasil que avance nas reformas.
Vivenciamos uma grande oportunidade de iniciar um processo de ajustes ímpar na história, mas ela está sendo comprometida por conta de vaidades pessoais em detrimento de uma causa nacional. Há uma infinidade de projetos envolvendo parcerias, privatizações e concessões em todos os modais de transporte e em infraestrutura. Na área de rodovias, são 59 projetos, que somam mais de 14 mil quilômetros de novas concessões. O leilão de óleo e gás atrairá investimentos de R$ 1 trilhão. São mais de R$ 60 bilhões em linhas de transmissão de energia. Está em andamento a concessão de mais 22 aeroportos, o que trará melhores serviços.
Toda esta movimentação será traduzida em empregos e impostos em algum momento. E fará uma enorme diferença na infraestrutura nacional e, consequentemente, no desenvolvimento brasileiro.
Para isso, é preciso mostrar compromisso com o ajuste fiscal e com a reforma da Previdência e combater o excesso de judicialização por meio de estruturados projetos com total transparência em seu regramento. O objetivo é dar segurança jurídica absoluta aos investidores que têm mostrado apetite nos leilões de privatizações e concessões realizados neste início de ano. E isto acontece com o atual governo, que acumula problemas históricos represados e adiciona incertezas e insatisfações. Infelizmente, isto só faz piorar a situação, afastando investidores, postergando projetos e afastando ainda mais a perspectiva de retomada de crescimento.
É hora de unir forças e manter a serenidade. O pacto entre os poderes precisa funcionar e aprovar as reformas. O Brasil tem um potencial enorme para se tornar um player mundial. Por que não podemos ser como a Índia e alcançarmos taxas de crescimento de 7% ao ano?