Por Vitória Raskin, assistente social
No dia 12 de junho comemora-se o Dia dos Namorados. O que certamente poucos sabem é que, na mesma data, celebra-se o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil.
Na onda do combate à sexualidade precoce, basta perguntar a uma criança, na primeira infância, se ela tem namorado, para que ouçamos: "Criança não namora!" Infelizmente, nada ouvimos sobre o trabalho infantil.
Em novembro de 2017, o IBGE divulgou os dados do trabalho infantil no Brasil, obtidos pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que apontou a existência de 1,8 milhões de meninos e meninas de 5 a 17 anos trabalhando em atividades proibidas pela legislação ou de forma irregular.
Cabe lembrar que o trabalho a partir dos 14 anos só é permitido na condição de Aprendiz e, a partir dos 16, com contrato que proteja o jovem de condições insalubres, perigosas e de outras ameaças ao seu pleno desenvolvimento.
A pobreza é a principal causa do trabalho infantil no mundo e no Brasil. Crianças que deveriam estar estudando, brincando, desenvolvendo habilidades de sua escolha, protegidas pela família e pelo Estado, em lugar de receberem cuidados e serem investidas para um futuro melhor se veem forçadas a trabalhar para que possam incrementar a renda familiar e garantir sua sobrevivência.
E o mais triste, é que esta é uma prática que perpetua a miséria de muitas famílias. Pais que trabalharam na infância não conseguem atingir um desenvolvimento profissional que permita que seus filhos não precisem repetir a sua história.
Importante que, assim como os riscos da sexualidade precoce, os riscos e malefícios do trabalho infantil sejam conhecidos e combatidos por todos. Pelas crianças vítimas, pelos seus pais e pelas crianças que habitam o mundo das famílias mais privilegiadas. Que no futuro, possamos ouvir no dia 12 de junho: "Criança não namora e não trabalha!".