Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Diversidade e inclusão, cada vez mais, deixam de ser temas das ciências sociais para ser assunto econômico. Para além de sociólogos, antropólogos e psicólogos preocupados com a pluralidade de gênero, cultural e racial, são, agora, as pessoas de negócios que levantam a bandeira. Prova disso é o recente anúncio da revista Forbes de que criará um ranking dos melhores empregadores dos EUA no que diz respeito a esse tema.
Estudo realizado em 2018 pela consultoria McKinsey mostra que as empresas que trabalham com diversidade de gênero são 21% mais propensas a ter lucratividade. Quando considerada a diversidade étnica e cultural, esse percentual sobe para 33%. E quais seriam as causas? De acordo com pesquisa da agência Hey Group, 76% dos funcionários de empresas que se preocupam com a inclusão consideram que têm espaço para inovar no trabalho, contra 55% dos que trabalham nas que não têm políticas relacionadas a essa questão. A pesquisa também identificou que os funcionários são mais engajados, têm desempenho até 50% superior e a existência de conflitos de trabalho chega a cair pela metade.
No entanto, ainda há muito a ser feito. Recente pesquisa global do Boston Consulting Group concluiu que, embora cresçam os programas de diversidade nas empresas, a mudança é lenta. Especificamente no Brasil, ainda são poucas que inserem o tema na sua agenda estratégica. Estudo realizado pelo Hay Group apurou que apenas 5% das empresas buscam saber como seus funcionários percebem o ambiente de diversidade no dia a dia de trabalho. Nos Estados Unidos e em países da Europa, esse número sobe para 20%. Além disso, quando as estratégias existem, apenas 17% dos funcionários alvos dos programas dizem se beneficiar.
Não se trata de privilégios, já que os dados mostram o que a teoria já diz: a pluralidade é um elemento poderoso para a inovação. Também não é o caso de incluir minorias, pois estamos falando de uma população majoritária: segundo o IBGE, mais da metade da população brasileira é formada por mulheres e 57% não são brancos, por exemplo. Precisamos olhar para o futuro e agir com inteligência. Vamos evoluir?