Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
Fazer o óbvio é difícil. Gerar confusão criando contradição sobre aquilo que é o óbvio pode ser objetivo de quem tem em mente se aproveitar de uma situação ou atingir objetivos escusos. No Brasil, o óbvio vem sendo discutido desta forma por quem se sente ameaçado pela inovação de ideias liberais e pela ênfase de algumas posturas conservadoras.
O Brasil, por exemplo, é um país católico, portanto é óbvio o respeito para quem tem fé em Deus. A nação brasileira tem em sua bandeira, em seu hino e em seu conceito de país livre e democrático, valores que obviamente devem ser absolutamente prestigiados. É óbvio que nossas cores são o verde e o amarelo e vestir vermelho sinaliza uma internacionalização sinistra que não gera o menor resultado patriótico.
É óbvio que a educação fundamental é mais importante do que a educação superior. Inclusive, a última não faz sentido para quem não tem a primeira bem feita. É óbvio que se deve gastar sempre menos do que se recebe e isto vale para o Brasil como nação. É óbvio que criminosos devem sofrer e cumprir totalmente suas penas. É também claro que todo o cidadão tem direito de defender sua vida em casos extremos de agressão nos quais ele esteja em perigo. É óbvio que trabalhar é mais importante do que se aposentar.
É obvio que a idade média da população tende a aumentar com o avanço da tecnologia e com os investimentos enormes em saúde que o país faz. É óbvio que países como Venezuela, Coreia do Norte e Cuba não são exemplo para nada. É obvio que os Estados Unidos são um exemplo a ser seguido em uma porção de soluções sociais.
E se pode parar por aí em termos da definição de coisas que são difíceis de abordar sem caracterizá-las como obviedades. Pois bem, creio que o novo governo vem tentando implantar o óbvio no país, e o que me espanta é a imensa reação e uma enorme discussão sobre esta conjuntura.
Muitos não querem que nossas crianças sejam patriotas, reagem à ideia de se insistir em ensinar nosso hino, nossas cores. Muitos políticos e dirigentes sindicais ainda teimam em suportar ideias de que os gastos são maiores do que as receitas. Partidos teimam em defender criminosos.
A mídia clama pelo cidadão desarmado diante dos bandidos de fuzil. Tem gente que acha um absurdo ter de se aposentar com 65 anos pois aí deve-se trabalhar demais. Há os que defendem regimes como o da Venezuela e coirmãos. Ser contra os Estados Unidos parece algo interessante para alguns.
Discutir o óbvio não nos levará para um lugar melhor. Temos de fazer dele a base para uma sociedade mais organizada e com mais progresso.