Por Humberto Trezzi, jornalista
Leio que Jair Bolsonaro decidirá até semana que vem se o horário de verão continua ou não. Torço para que um raio de sol ilumine as ideias do presidente e ele volte atrás nas suas convicções – no passado ele se mostrou contrário à medida, por considerar pífia a economia de energia conquistada.
Nos próximos dias, técnicos vão esmiuçar para o presidente o quanto de luz é poupado (ou não) com o horário de verão. Nos últimos anos, é forçoso reconhecer, a economia energética resultante desse horário alternativo tem sido pequena.
E daí, pergunto eu?
Poupar energia é a menor questão, no que se refere a horário de verão. Luminosidade é vida e segurança. Bastaria recorrer à biologia para explicar por que grande parte dos animais, inclusive os humanos, têm medo da escuridão e saúdam o nascer do sol. Na literatura, as trevas sempre são sinônimo de mal-estar e receios.
Mas a questão é sobretudo de segurança pública. Todo predador de emboscada prefere a falta de luz e nessa categoria podemos incluir os assaltantes. É na escuridão que a surpresa se faz mais eficaz, para desgraça das suas vítimas. Não por acaso, cidades como Bogotá e Medellin tiveram redução drástica na criminalidade quando adotaram programas eficazes de iluminação pública. Praças e parques ganharam poderosos holofotes a iluminar as quadras esportivas. Postes receberam proteção metálica contra o vandalismo.
Tudo isso custa dinheiro, claro. Por que então não aproveitar a luminosidade natural? País tropical, o Brasil tem condições de oferecer sol até as 21 horas em grande parte das regiões, no verão. Mas, por alguma dessas bizarrices da vida, burocratas decidiram implicar com o horário de verão. Acreditam que ele complica a rotina de moradores de alguns lugares. Ora, deixem então que cada região adote o que for melhor. Do meu ponto de vista – e dos especialistas em segurança – quanto mais luz, menos crimes. Nada mais gostoso que sair do serviço e voltar de bicicleta ou a pé para casa, sem receio de ser abordado num canto escuro por alguém de arma na mão.