Por João Carlos Nedel, vereador de Porto Alegre
A maioria de nós não recebeu um reajuste superior a 9% nos seus rendimentos em 2018. E aí começa a aflorar um sentimento de que R$ 4,70 é muito. E quando olhamos para outras cidades esta sensação, muitas vezes, passa para a indignação, particularmente se compararmos com Curitiba.
Por que aquela capital tem um transporte público melhor e um preço menor de passagem?
A primeira palavra que vem à mente é planejamento. Para citar alguns exemplos: na década de 70 foram implantados os corredores exclusivos e as linhas circulares e, nos anos 1980, os terminais de integração, que permitem que o passageiro troque ônibus sem precisar pagar mais uma passagem. Ou seja, há 50 anos foram tomadas decisões que somente agora começam a ser discutidas e implementadas em Porto Alegre.
Alguém poderia perguntar: mas o que isto tem a ver com o preço da passagem? Explico: a diminuição dos congestionamentos com menos ônibus indo em direção ao centro da cidade e a velocidade possibilitada pelos corredores e vias em bom estado de circulação permitem economia de combustível e de manutenção, enquanto que a frequência e a pontualidade estimulam um número maior de cidadãos a utilizar este modal.
Mas mesmo com tudo isto o transporte de Curitiba ainda é subsidiado. Em 2019, para não chegar aos R$ 5 em Curitiba e R$ 6 na Região Metropolitana, o município subsidiará com R$ 50 milhões e o Estado do Paraná com R$ 150 milhões. Já em São Paulo, devem ser aplicados R$ 2,6 bilhões (isto mesmo bilhões) e, ainda, há exemplos na Europa e nos Estados Unidos. São locais onde o subsídio é visto como investimento no transporte público.
Sabemos que nem nossa Capital tampouco nosso Estado tem recursos para bancar valores neste nível, por isso entendemos que é necessária uma revisão do nosso modelo de mobilidade urbana, com ênfase no transporte coletivo. As discussões dos planos Diretor e de Mobilidade Urbana são belas oportunidades para isto e não podemos desperdiçá-las!