Os constantes registros de ameaça ou mesmo de falta de água em bairros de Porto Alegre, na Região Metropolitana, com destaque para Cachoeirinha, e até mesmo numa cidade turística como Gramado, na Serra, expõem acima de tudo a falta de planejamento. Esse é o tipo de caso no qual a imprevisibilidade jamais deveria ocorrer. Em todos os episódios que têm ficado mais evidentes desde o início do verão, a alternativa é uma só: mais investimentos, tanto por parte de empresas locais, como o Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), em Porto Alegre, como da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
Os consumidores têm o direito de exigir que essas empresas públicas prestem serviços de qualidade ou busquem alternativas por meio das quais possam se mostrar mais eficientes, como é o caso das concessões. O inadmissível é que situações de risco identificadas há muitos anos, como ocorre na Zona Leste e no Extremo Sul da Capital, ainda não tenham levado até hoje ao início das obras necessárias. Pelo menos desde 2011 o DMAE vinha alertando para os riscos de desabastecimento em algumas áreas da Capital, em consequência da defasagem entre a capacidade de atendimento e o crescimento do consumo.
Em Cachoeirinha, onde a prefeitura intensificou a cobrança por soluções junto à Corsan, o problema afeta até alunos em sala de aula. E é inadmissível que mesmo cidades turísticas enfrentem problemas na qualidade da água ofertada e, inclusive, escassez. Calor e aumento de consumo são situações previsíveis, que precisam ser enfrentados com planejamento prévio. Como as obras nessa área costumam exigir longo tempo de execução, é preciso que os trâmites burocráticos sejam vencidos, para evitar o agravamento do problema a curto prazo.
As empresas de abastecimento precisam se mobilizar logo para fazer o que deve ser feito, evitando que as comunidades sejam submetidas a períodos tão longos de torneiras secas. Se o setor público não tem como oferecer serviço de qualidade, que busque saídas, pois elas existem e dependem apenas de decisão política para serem colocadas em prática. O inadmissível é que esse tipo de situação se mantenha ano após ano, como se não houvesse soluções.