A tragédia registrada no centro de treinamento do Flamengo – dois dias depois de um temporal ter exposto as ameaças permanentes a moradias improvisadas em áreas de risco no Rio de Janeiro – mostra o quanto o país ainda não aprendeu lições legadas por episódios dramáticos. É o caso do morticínio na boate Kiss, em Santa Maria. Esse tipo de fato, muitas vezes responsável pela morte de um número elevado de pessoas, não ocorre por acaso. Na maioria das vezes, resulta de um somatório de irresponsabilidade e de falhas, entre as quais se incluem a imprevidência e a falta de fiscalização.
No mais recente episódio, em que um incêndio atingiu o alojamento no Ninho do Urubu, as perdas humanas revoltam ainda mais por envolverem também adolescentes. No incêndio, foram destruídos igualmente os sonhos de famílias inteiras que veem no futebol uma alternativa não apenas para encaminhar seus filhos para uma profissão, mas de ascensão social.
Infelizmente, também no abrigo dos jovens atletas, faltaram medidas essenciais de segurança que poderiam ter evitado o pior. Guardadas as proporções, as causas estão ligadas diretamente à falta de cuidados mínimos em relação à integridade física das pessoas tanto no caso da Kiss quanto do rompimento de barreiras da Vale, em Mariana e Brumadinho.
Quando a prevenção falha, resta à sociedade cobrar rigor na apuração de responsabilidades para permitir, pelo menos, que os responsáveis possam ser punidos. O país, porém, não pode seguir indefinidamente à espera de novas de tragédias para, só então, se comprometer com promessas de que fatos provocados por negligência e falta de fiscalização não voltarão a se repetir.