Por Cleon dos Santos Cerezer, conselheiro presidente do Conselho Regional de Psicologia do RS
O vestibular representa mais um ritual de passagem importante na transição da adolescência para a vida adulta. É um momento de escolha e, por consequência, de muitas renúncias. Ao escolher uma profissão, se abre mão de tantas outras e isso também é mais um fator gerador de ansiedade.
Frente a esse momento de mudança, a ansiedade pode ser mobilizadora, adaptativa ou bloqueadora. Mesmo estando preparado, fica a ansiedade em saber como seu conhecimento será exigido. Isso pode gerar uma mobilização interna que resulta em um bom desempenho. Assim como um artista que, mesmo dominando seu repertório, fica ansioso antes de cada nova apresentação, o que resulta em um ótimo show.
Quando esse sentimento cresce desproporcionalmente pode bloquear ou inviabilizar o processo de apropriação genuína dessa passagem, o que nem sempre é negativo. Será que ele realmente está preparado para esse momento de passagem? Será que ele não precisa de mais tempo para fazer essa escolha? Se não sabe o rumo que deve ir, não há "vento" que o favoreça. De forma inconsciente esse jovem, paradoxalmente, está escolhendo.
Terminar o Ensino Médio, fazer vestibular e já ingressar na faculdade, sem nenhum intervalo para refletir sobre o que realmente quer fazer em sua vida adulta, é algo de nossa cultura, o que não acontece em outros países. Ainda mais nos tempos atuais, em que o processo de trabalho está cada vez mais diverso, repleto de transformações em suas relações. Vivemos uma revolução digital em que o acesso às tecnologias está impactando diretamente as novas formas de se exercer uma profissão e isso pode facilitar ou gerar ainda mais ansiedade e dúvidas.
Para auxiliar nesse momento de autoconhecimento e de mudanças e transição na vida, é importante que o jovem procure ajuda de um psicólogo, profissional devidamente capacitado para trabalhar com essas questões.