O balanço frustrante do movimento Todos pela Educação sobre o desempenho do Ensino Médio no Brasil e nos Estados, incluindo o Rio Grande do Sul, significa um desafio para o presidente eleito Jair Bolsonaro e para o próximo governador, Eduardo Leite. A meta buscada pela entidade é de que 90% ou mais de estudantes até 19 anos de idade tenham Ensino Médio completo até 2022. O levantamento mostra que o país e o Estado ainda se encontram muito longe disso: em 2018, o percentual no Brasil está em apenas 63,5%. O Rio Grande do Sul apresenta um desempenho um pouco melhor, de 65,6%, mas nem por isso promissor.
Apesar de constantes, os avanços registrados ao longo dos últimos seis anos no Rio Grande do Sul não foram suficientes para colocar o Estado em um patamar razoável de formação de adolescentes e jovens adultos. O Estado, até agora uma referência de educação no país, figura hoje atrás de regiões com dificuldades crônicas na área do ensino de qualidade, como Goiás, Roraima e Mato Grosso.
O fraco resultado representa, sobretudo, um sério impedimento para que o país e o Estado possam retomar o desenvolvimento. Não há como almejar um crescimento sustentável enquanto, de cada grupo de 100 brasileiros com 19 anos, 37 tenham sequer concluído o Ensino Médio.
Já faz muito, o debate sobre educação se restringe aos salários do magistério e às más condições das instalações físicas das escolas. Ambos os temas são centrais, sem dúvida, mas não suficientes para que a educação no Brasil avance.
Para tentar reverter esse cenário com maior celeridade e garantir educação de nível, a nova administração federal precisará atuar de forma mais articulada com os municípios e os Estados. Duas mudanças já encaminhadas pelo atual governo são consideradas fundamentais nesse processo: a implementação da Base Nacional Comum Curricular e o novo Ensino Médio.
A educação brasileira só avançará, aproximando-se dos padrões internacionais de qualidade, quando forem colocadas em prática alterações profundas na forma como é gerida hoje, privilegiando acima de tudo a formação do aluno. O país e o Estado precisam contar com um ambiente escolar mais adequado ao universo dos estudantes, capaz de permitir não apenas mais anos de estudo, mas também uma assimilação maior dos conteúdos ministrados.