Com muito foco e disciplina, 2018 também foi um ano de recompensas.
Depois de passar três anos estudando sozinho no quarto, pelo menos oito horas por dia, em 2018, o ex-aluno de escola pública Rafael Zimmer, 22 anos, conquistou o tão almejado sonho: foi aprovado para estudar no Exterior. Com boas notas, acabou convidado para ser estudante de graduação em mais de 20 universidades fora do Brasil.
Em agosto deste ano, saiu do interior de Bom Princípio rumo a Doha, capital do Catar, cidade com mais de 2,6 milhões de habitantes. Com bolsa integral, está estudando Relações Internacionais no campus de Doha de uma das universidades mais renomadas do mundo, a americana Georgetown. O Informe Especial contou essa história em junho e, um semestre depois, retoma a conversa para saber como está sendo a experiência.
Entre as aulas e os trabalhos extra-classe, os estudos começam de manhã cedo e terminam de madrugada. O despertador toca às 7h30 na suíte 025 do dormitório da universidade. De ônibus, Rafael leva quatro minutos, para chegar ao prédio onde assiste aulas até às 11h. À tarde, mais aulas.
Recentemente, Rafael torceu o tornozelo. Só por isso o futebol não preenche parte das noites do estudante, que pretende voltar aos gramados assim que a lesão se curar. No Rio Grande do Sul, teve passagens pelos times Clube Esportivo Aimoré, E.C Novo Hamburgo, S.C Americano e 15 de Novembro. Admirado, fez questão de exaltar a tecnologia e a eficiência do hospital onde foi atendido quando se machucou.
– Assim que cheguei fiz raio-x, fiz ecografia, e os resultados dos exames foram direto pro computador do médico. Eu fui pra sala dele e na mesma hora ele já me diagnosticou. O que mais gosto daqui é a infraestrutura e a segurança. Até agora não soube de um só caso de roubo, morte, briga, violência.
Sobre as dificuldades para conversar com as pessoas – já que é autodidata no inglês – e fazer amigos, Rafael diz que não teve nenhuma. Além de exercitar a disciplina, tão necessário para os estudos, o esporte também o ajudou na hora de se relacionar. Já conheceu até alguns jogadores famosos, como Samuel Eto'o e Wesley Sneijder.
– Ser brasileiro e jogar futebol, ainda mais profissionalmente, faz com que as pessoas queiram ficar perto de você. Isso faz com que eu pense que valeu a pena tudo que eu fiz para estar aqui. Da minha vida social aqui eu não tenho do que reclamar. É claro que o Brasil é o país da festa, mas aqui também não é ruim.