São Paulo terá, pela primeira vez, um réveillon com fogos, mas sem barulho. De acordo com o autor da lei, ela nasceu para proteger crianças, idosos e doentes. Mas existe um outro grupo que se beneficiará: os pets. Para cães e gatos, o barulho dos rojões é a porta de entrada do inferno. Eles têm maior sensibilidade auditiva e sofrem enquanto seus melhores amigos - nós - brindamos a entrada de um novo ano.
Tenho pelo menos meia dúzia de amigos que medicam seus mascotes com remédios ansiolíticos no dia 31 de dezembro. Outros, não saem de casa para não abandonar seus pets e, com isso, aumentar ainda mais o inevitável sofrimento. Mas os danos vão além.
Há uma parte nem tão perceptível da natureza urbana que também padece com os efeitos dos estrondos. Pássaros, por exemplo. Acabar com o barulho desnecessário em nada estragaria a festa de ano novo. Há fogos de artifício coloridos que não emitem sons. São mais caros, é verdade, mas representam um investimento em conforto e segurança.
Por isso, os verdadeiros amantes dos animais - incluindo o Homo sapiens na lista - só têm uma coisa a fazer nos próximos dias: uma grande mobilização pelo bom senso. Fogos, sim, desde que cercados por total segurança. Barulho desnecessário, não. Que a trilha da virada de ano seja composta por latidos, miados e aplausos, todos de aprovação.