Os animais costumam se assustar com o barulho de fogos e rojões. Em épocas festivas, o estresse aumenta muito. Com a chegada da Copa do Mundo, por exemplo, toda vez que a bola da Seleção Brasileira sacudir as redes adversárias uma boa parte dos nossos amigos de quatro patas poderá sofrer. E muito! Cães e gatos têm a audição mais sensível do que a humana e, por conta disso, dificilmente vão se adaptar aos sons mais fortes. De acordo com a médica veterinária e especialista em comportamento animal Joice Peruzzi, os altos níveis de decibéis produzidos pela explosão de rojões e de outros tipos de fogos de artifício causam um enorme prejuízo à saúde dos pets.
– A sensibilidade dos animais é muito grande e esses ruídos excessivos tendem a ser mais prejudiciais para eles do que para nós. Além disso, nos adaptados mais fácil ao barulho porque entendemos o que está acontecendo. Já o animalzinho, assim como uma criança, não entende – explica.
Ainda de acordo com a especialista, o pânico desorienta os animais, que tendem a correr desesperadamente e sem destino. Alguns cavam buracos, outros pulam de andares altos ou atravessam janelas de vidro na ânsia de buscar um lugar seguro para se esconder. Movidos pelo medo, podem salivar em excesso, ter a respiração ofegante, urinar ou defecar involuntariamente e até ficar agressivo com as pessoas com quem eles convivem.
O grande problema é que percepção não é igual para todos os animais, e isso dificulta a identificação para prevenir da melhor forma.
– A reação mais normal é tentar fugir do local para se proteger, mas alguns animais ficam petrificados, sem se mover. Outros querem lutar contra os fogos e latem bastante. O dono pensa que o cachorro é valente, mas, na verdade, é um sintoma de medo – salienta.
Se o bichinho possuir uma doença prévia grave – como problema de coração, por exemplo –, os efeitos dos fogos podem agravar seu estado de saúde:
– Em alguns casos, pode ser fatal.
Joice enumerou algumas dicas para evitar transtornos durante a Copa e garantir condições mínimas de segurança e um espaço tranquilo para o seu pet. Confira!
1 – Crie um ambiente seguro para o animal dentro de casa. Feche todas as janelas, ligue um som mais alto com o qual ele já esteja acostumado (televisão, rádio) e fique ao seu lado durante a queima de fogos.
2 – Espalhe pela casa caminhas, iglus, caixas de papelão e deixe livre acesso para áreas embaixo de móveis.
3 – Ofereça algo que ele goste de brincar ou comer. Caso não aceite nada, fique ao lado dele e se o seu colo ou carinho o acalmarem, pode fazer à vontade. Qualquer atitude que melhore emoções negativas é válida.
4 – Tente colocar buchas de algodão nos ouvidos para ajudar a abafar o som.
5 – Não deixe o animal sozinho. Se isso não for possível, certifique-se de que todas as janelas e portas da casa estão fechadas, coloque placa de identificação na coleira por precaução e não o deixe amarrado ou acorrentado (ele pode se assustar e se machucar).
6 – No horário que antecede os jogos, brinque bastante com seu gato e dê um belo passeio com o cão. Evite alimentá-lo duas horas antes do início do jogo, para evitar qualquer distúrbio digestivo.
7 – Se você tem um filhote que nunca foi exposto ao som de fogos, aproveite o momento para brincar com ele, elogiá-lo e oferecer alguns petiscos. Assim, o animal fará uma associação positiva imediata a esse novo estímulo.
8 – Tenha cuidado redobrado com bichinhos idosos e cardiopatas.
9 – Em situações mais graves com sintomas exacerbados, demora para se recuperar após o fim dos fogos e até antecipação do medo (associação de pânico com som de comemoração, buzinas ou barulho do jogo na televisão) pode ser classificado como fobia. Nesses casos, é importante procurar ajuda especializada para tratar de maneira adequada, inclusive, com uso de medicações ansiolíticas.
10 – Jamais medique seu animal sem recomendação veterinária. Somente o profissional pode recomendar o uso de medicamentos diversos, inclusive fitoterápicos, suplementos e feromonioterapia, da maneira correta.