Demorou para engrenar: levou mais de um ano desde a inauguração oficial para que a Unidade de Saúde Animal Victória, na Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, entrasse em funcionamento. Desde o dia 2 de março, quando tiveram início as atividades, no entanto, o local está pegando o ritmo. Somente nos três primeiros dias, mais de 70 animais receberam atendimento.
— Nossos atendimentos estão bastante abaixo do que é a nossa rotina, porque a primeira semana foi um período de mudança. A próxima vai refletir melhor a capacidade da nova unidade — avalia Viviane Diogo, coordenadora da unidade Victória, criada para qualificar o trabalho realizado no antigo espaço, que funcionava em outro imóvel na mesma área.
Conforme a coordenadora, oito veterinários trabalham em dois turnos para realizar os atendimentos na nova unidade, que conta com quatro consultórios e cinco salas de cirurgia — um evolução significativa do antigo local, onde havia apenas uma sala para consultas. O serviço é destinado a cães e gatos. Até o fim da tarde de terça-feira, a equipe tinha efetuado 59 atendimentos clínicos e 13 cirurgias, sendo 10 delas procedimentos de esterilização, um dos principais focos da unidade — a média da antiga unidade era de 400 atendimentos clínicos, 300 esterilizações e 30 cirurgias por mês.
A rottwailer Mia foi uma das visitantes de quarta-feira. Recolhida da rua há cerca de uma semana pelo estivador João Carlos Ferreira da Silva, 47 anos, ela recebeu o nome pela reação aos carinhos que motivou a consulta veterinária: "miava" toda vez que o dono acariciava sua barriga.
— Tem outra cadelinha que fica na rua, mas aqui nós tivemos aquela química e peguei ela para mim. Só que qualquer coisinha que encostava nela, ela ficava chorando. Tem muita dor na barriga. Agendei a consulta mais cedo e hoje mesmo já tinha vaga. Fiquei impressionado de já ser atendido e ter uma noção do que ela tem — relatou o morador da Vila Farrapos, que terá de levar a cachorra para fazer uma ressonância que deve determinar o tipo de intervenção a ser realizada.
Já a felina levada pela protetora Marisa Almeida Antunes não escapou à sala de cirurgia. A gata comunitária que vivia em uma praça da Vila Farrapos chegou pela manhã para a retirada de um tumor na mama, e foi liberada à tarde para ir embora, agora, para um lar de verdade: uma moradora dispôs-se a adotá-la.
Além da gatinha, operada com sucesso, Marisa encaminhou outros quatro animais para consultas no local. Protetora de animais há cerca de cinco anos, ela destacou a melhoria na estrutura da unidade de saúde que, além do espaço ampliado, ganhou uma sala de espera onde animais e tutores podem aguardar pelos atendimentos com maior comodidade.
— As veterinárias são sempre ótimas, só que na antiga unidade não tinha conforto. Aqui não vamos mais pegar chuva — elogiou.
Além de esterilizações e da retirada de tumores, a Victória realiza procedimentos como desobstrução intestinal, amputações, enuclaeções (retirada do olho) e a extração de bicheiras de cães e gatos. Os atendimentos levam, em média, 30 minutos para serem efetuados. Apesar das facilidades, destaca a coordenadora, um terço dos tutores contemplados com os atendimentos costumam faltar às consultas sem aviso prévio.
— Temos verificado em torno de 30% de falta nos agendamentos. É muita coisa. Isso demanda equipes, gera custos. É triste porque os que não avisam perdem direito ao serviço — diz.
A Unidade de Saúde Animal Victória
— Inaugurada no fim de 2016, conta com 1,6 mil metros quadrados, e fica no número 3.489 da Estrada Bérico José Bernardes, na Lomba do Pinheiro
— São quatro consultórios, cinco salas de cirurgia, alas para internação, setores de quimioterapia, de exames de imagem, laboratório de análises clínicas e salas para reuniões
— A unidade dependia de uma licença ambiental para funcionar, o que atrasou o começo dos trabalhos
— O primeiro atendimento foi realizado em 2 de março de 2018
Como funcionam os atendimentos
— Os atendimentos ocorrem de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 11h30min, das 13h30minàs 17h30min
— O agendamento de consultas deve ser feito por telefone, através do 156 (esterelizações têm agendamento liberado a cada três meses)
— Podem solicitar atendimentos pessoas assistidas por programas de reposição de renda, como o Bolsa Família, inscritos no NIS, protetores cadastrados no municípios, acumuladores de animais que são acompanhados pelo município e animais resgatados em ações realizadas nas comunidades.
— Desistências precisam ser avisadas com 24h de antecedência, sob pena de bloqueio no acesso ao serviço