Confirmado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, o futuro ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, tem currículo intelectual alentado e boas chances de impulsionar uma área relacionada diretamente a outras das quais depende o futuro imediato do país. Entre elas, estão inovação, ética, retomada da economia e até mesmo prevenção da violência. Mas é preciso ir bem além da pauta educacional que ganhou ênfase durante a campanha e não se inclui, de fato, entre as questões emergenciais do ensino: a escola sem partido e o ensino do respeito à diversidade nas escolas. São temas relevantes, mas não prioritários.
A educação brasileira só avançará, aproximando-se dos padrões de qualidade necessários para o país crescer de forma sustentável, quando forem colocadas em prática alterações profundas na forma como é gerida hoje, privilegiando acima de tudo a formação do aluno. Filósofo e professor, mas sem maior experiência como gestor, o novo ministro será responsável por um dos maiores orçamentos do governo federal. Além de buscar maior eficiência no uso de verbas, precisará enfrentar também distorções crônicas, incompatíveis com uma realidade de penúria no setor público. Entre os mais desafiadores, estão as aposentadorias precoces, que vêm se mantendo ao longo dos últimos governos por falta de disposição dos gestores públicos de se confrontar com corporações.
Um dos responsáveis pelo nó na área educacional é o desequilíbrio financeiro que drena recursos preferencialmente para o ensino superior, deixando a educação básica em segundo plano. O futuro ministro precisará também valorizar os professores, não só financeiramente, mas com providências que contribuam para maior reconhecimento a essa atividade fundamental. É importante que o escolhido para gerir a pasta possa enfrentar saídas de imediato para o Ensino Médio, que se constitui hoje num dos principais gargalos do aprendizado. Desde já, o novo responsável pela área precisa pensar também em alternativas para o fato de menos de um terço das crianças de até três anos se encontrarem hoje em creches.
As prioridades na área de ensino não estão em questões polêmicas, que só contribuem para mascarar as falhas e as soluções, mas em deficiências preocupantes nos níveis de aprendizado. O país não pode se conformar com os níveis insuficientes de tantos alunos em leitura e matemática. Enquanto distorções como essa não forem atacadas, dificilmente a atividade econômica conseguirá registrar o crescimento necessário para gerar mais riqueza e oportunidades de emprego.