Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Pela gravidade do tema e suas consequências, o que um dia foi um R de reciclagem, cada vez mais evolui e, hoje, já somam cinco: a ordem agora é reduzir, reutilizar, reciclar, recusar e repensar. Cada pessoa do globo terrestre produz, em média, 270 quilos de lixo por ano. O último relatório do Banco Mundial sobre a geração de resíduos alerta que, se nada for feito para reduzir a quantidade produzida no planeta, ela deverá crescer cerca de 70% até 2050. Vivemos em um ciclo onde produzimos recursos que, em parte, são descartados. Descarte esse que gastamos muitos milhões para coletar, que acabam sem nenhuma forma de reutilização e que, na sua maioria, não reciclamos. Temos que recusar esse modelo que é claramente insustentável.
A Ásia é a região que mais produz lixo e isso é proporcional à maior população do planeta. No entanto, no Brasil, nos anos recentes, o aumento dessa produção foi cinco vezes maior do que o crescimento populacional. O país gerou mais de 78 milhões de toneladas de detritos no último ano, dos quais 8% sequer foram coletados. Mas a realidade é ainda pior, já que 40% do que é capturado pelo sistema de coleta regular não é descartado de forma adequada. E esse dado é crescente nos últimos anos. Sobre o tipo de material, apesar de 30% ter potencial de reciclagem, apenas 3% é, de fato, reaproveitado. Em parte, porque 30% das cidades brasileiras não têm qualquer iniciativa de coleta seletiva.
Alguém já falou que, no ambiente, não existe “jogar fora”. Temos, por enquanto, um único planeta para habitar e tudo o que não é descartado de forma responsável está, na verdade, sendo jogado para baixo do tapete do mundo. Mesmo quando (e se) chegarmos a colonizar outro astro, no sistema solar ou em outro, o universo apontará o limite. É aí que aparece o quinto R, talvez o mais importante, e aquele que vai definir todos os demais: se não há “fora”, temos que repensar nossas atitudes em relação aos resíduos e isso passa por toda a cadeia de consumo. Aproveitemos esta época de tantos apelos para inovar nossos padrões e trocar o consumo desenfreado pelo consciente. Vamos lá, você está dentro?