Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
A 30ª edição do Anuário de Competitividade Mundial do International Institute for Management Development (IMD), que avalia a competitividade de 63 nações, traz o Brasil na 60ª posição. Naturalmente, é improdutivo comparar nosso país com os Estados Unidos, número um no ranking, reconhecidamente uma economia “fora da curva”. Ou mesmo com outras economias bem colocadas como Holanda, Suíça e Dinamarca, já que cultura, trajetória e tamanho nos fazem muito distantes.
Mas podemos adotar uma comparação conhecida que, se por um lado faz cada vez menos sentido, teve seu momento histórico: o bloco dos Brics, onde Brasil está acompanhado de Rússia, Índia e China.
Ao longo desses 30 anos, Rússia e Índia mantêm as suas posições, 45ª e 44ª, respectivamente. E, enquanto a China passou da 26ª para a 13ª posição em 2018, o Brasil caiu de 40º para o 60º lugar. Para além da preocupação com um cenário que nos coloca à frente somente de Croácia, Mongólia e Venezuela, temos que encontrar os caminhos para a evolução.
O IMD nos mostra que os dois piores indicadores de atratividade da competitividade brasileira e principais responsáveis pela desastrosa posição são eficiência do governo e cultura de pesquisa, inovação e desenvolvimento. Essas duas medidas, sem dúvida, nos arrastam para o fim da linha da competitividade mundial. Os fatores desempenho da economia e eficiência empresarial, embora sejam os dois melhores, também são muito ruins, e é de se esperar que não melhorem quando o sistema educacional, as habilidades digitais e tecnológicas, assim como o ensino de ciências nas escolas coloca o país em uma das piores posições mundiais (a mesma 60ª do índice geral) no critério educação.
Existem diversos rankings de competitividade e suas metodologias podem ser questionadas, mas há algo que é amplamente reconhecido e refletido por todos os índices: os países precisam de educação para serem competitivos. Investimento em ciência e pesquisa é o único caminho para a inovação, e essa é a base fundamental para o desenvolvimento. E sem isso não é possível sair do fundo de nenhum poço.