Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social no Tecnopuc e diretora técnica da Anprotec
Silenciamento pós-transacional de genes para evitar a ação de fungos na lavoura. Automação de irrigação em culturas hidropônicas usando IoT. Drones e inteligência artificial para mapeamento topográfico. Não estamos falando de tendências para o futuro sendo testadas do outro lado do mundo, mas de produtos já existentes no nosso mercado. Cresce no Brasil o número de startups de tecnologia voltadas para o agronegócio, as chamadas Agtechs que, em 2016, no primeiro senso realizado no segmento, eram pouco mais de 70. Ainda que a maioria delas ofereça soluções relativamente simples de gerenciamento e conexões, várias estão trabalhando na fronteira do conhecimento. Essas não são empresas do campo — são empresas de genética, de automação e, muitas, de tecnologia da informação, trabalhando especialmente com internet das coisas e inteligência artificial. Elas se dedicam a inserir o que de mais avançado existe no conhecimento para melhorar a competitividade do agro no país, embora várias atuem também em mercados estrangeiros e, às vezes, até tenham que se consolidar primeiro lá fora para poder vender seu peixe em solo tupiniquim.
São pessoas, principalmente jovens, que olham o segmento responsável por 23% do PIB brasileiro, onde ainda predomina a exportação de commodities com pagamento de royalties a outros países, como um mundo a ser transformado. Se é esse setor que garante a competitividade internacional do Brasil tal como funciona hoje, imaginem com todo um conjunto novo de conhecimentos, tecnologia e inovação que ainda não chegaram ao campo. Certamente, haverá muito o que colher lá adiante.
E, para inovar, não precisamos fazer terra arrasada, podemos avançar muito usando pratas da casa: reforçando a vocação agroindustrial e promovendo as startups. Em tempos em que se impõe o paradigma da abundância é possível partir do conhecimento e das competências que o país tem no agronegócio e ir além. Agregar tecnologia e conectar outros saberes é preparar o terreno para semear um futuro melhor.