Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
No fervor de uma troca de governo e, no caso da atual, com uma real mudança projetada, assuntos diversos são tema de discussão e avaliação. Algumas são típicas de um terceiro turno, mas observa-se que um saudável acomodamento pós-eleitoral, regado por mais conhecimento adquirido pelos formadores de opinião, azeita o andamento e para-se de engrossar o coro de dúvidas reacionárias derrotadas. Surgem mais análises racionais deixando de lado fobias de quem, como em música, só entende de samba e vacila quando apresentado a uma sinfonia.
Um dos temas importantes é a inovação, que já aparece movido pelas partes interessadas. Para haver inovação no país, precisa-se do ambiente para tal, e um círculo virtuoso tem de ser implantado. Ele consiste em se ter excelente educação fundamental que vai alimentar a formação de capital humano e uma cultura empreendedora, gerando gente com conhecimento que usará bons laboratórios e centros de pesquisa para desenvolver tecnologia e aproveitar marcos legais inteligentes, tudo isso direcionado por empreendedores ao mercado global.
A inovação, apesar de ter na ciência e tecnologia um meio necessário para ocorrer, é fenômeno econômico e acontece, nas proporções atuais de sua notoriedade, no caldo capitalista da economia de mercado e com suporte fundamental da cultura empreendedora. Países contrários a este ambiente usam ou usaram ciência e tecnologia apenas para se armar. Negam o mercado e, portanto, são incapazes historicamente de gerar as infraestruturas necessárias para usufruir da inovação. Empresas como Amazon, Google ou Apple surgiram onde o ambiente foi propício e mudaram o mundo. Não nasceram no deserto das ideias estatizantes. Assim é, e parece que o Brasil vai para lá. Ciência, tecnologia e inovação são conceitos que não se misturam automaticamente. Ciência existe na academia, promovida por professores. Tecnologia é fruto de trabalho de laboratório na academia e/ou na indústria, promovida por técnicos e engenheiros. Inovação acontece no mercado, promovida pelo ator principal: o empreendedor! Que o novo governo se dê conta disso e incentive as milhares de startups necessárias para gerar as nossas empresas inovadoras. O discurso, por enquanto, é favorável, vamos torcer pela boa prática.