Por Paulo Roberto Kopschina, diretor-geral do DetranRS
Dizemos, brincando, que nosso celular tem tantas funções que permite até telefonar...! De fato, cada vez mais utilidades são acrescentadas a esse nosso computador de bolso. E cada vez mais nos tornamos dependentes dele, para nos informarmos e para nos comunicarmos, de diferentes maneiras.
Esse vínculo é tão forte que nos sentimos perdidos quando, por qualquer razão, ficamos sem celular, mesmo que por pouco tempo. Assim, consideramos muito natural acompanhar as últimas notícias ou digitar mensagens enquanto estamos dirigindo. Esse hábito aparentemente inofensivo, porém, pode acarretar gravíssimas consequências. O uso de celular ao volante já causou tantas mortes e graves lesões no trânsito que motivou diversas campanhas educativas em diferentes países.
Aqui no Rio Grande do Sul não é diferente: a quantidade de infrações ligadas ao uso de celular ao volante é testemunha da prevalência desse comportamento de risco – mais um que vem se somar a outros já tradicionais, como o excesso de velocidade e a ultrapassagem em local indevido. Por essa razão, o Detran gaúcho está lançando uma campanha que lembra os motoristas sobre o altíssimo custo em vidas e sofrimentos de uma simples mensagem digitada – mensagem que, em 100% dos casos, poderia esperar estacionar o veículo para ser transmitida. Afinal, que recado pode ser mais importante do que preservar a nossa vida e a daqueles que amamos?
Evitar usar o celular ao volante para não incorrer em uma infração é o de menos. Trata-se de nos questionarmos maduramente sobre as razões que nos levam a exigir tanta velocidade e imediatismo, até mesmo nas relações com amigos e familiares. Dar um like na foto do amigo, cumprimentar a prima pelo aniversário, lembrar o colega do relatório que precisa ser feito... tudo isso exige uma resposta tão urgente? E mais, essa urgência é tal que valha o risco? Certamente, a resposta é não. Precisamos recuperar nossa capacidade de pensar e de decidir nossas prioridades. Isso sim, é urgente.