Por Michael Cook, Pesquisador e professor de Economia Organizacional da University of Missouri (EUA)
Por que e como algumas cooperativas perduram por longos períodos de tempo? Uma estrutura de cinco fases foi desenvolvida por meio de um processo de pesquisa que emprega abordagens indutivas e dedutivas. A análise conclui que a longevidade de uma cooperativa está associada a múltiplos fatores, principalmente à capacidade de superação de atritos internos e de divisão de grupos. Essa adaptabilidade leva a vários ciclos de vida.
Essa estrutura conceitual é formada por observações de mais de 5 mil participantes envolvidos em eventos de aprendizado interativo. Esses workshops, aulas, seminários e simpósios ocorreram (e continuam ocorrendo) durante um período de 25 anos de trabalho de campo envolvendo cooperativas agrícolas. A pesquisa identifica cinco fases distintas: justificação, desenho organizacional, crescimento, reflexão analítica e escolha.
A fase um é a justificativa econômica para fundar uma cooperativa, que deve ser motivada principalmente por razões defensivas, como a melhoria dos custos de falhas de mercado.
A fase dois, de planejamento organizacional, serve como mecanismo de busca para selecionar possíveis membros conforme as regras do jogo e, particularmente, a aplicação e formalização delas.
Na fase três, a cooperativa busca atingir suas metas, mas é também o período em que surgem consequências negativas da heterogeneidade entre as opiniões das partes interessadas entre os membros. Cooperativas duradouras são particularmente astutas em identificar e superar atritos internos, antes que esses resultem na formação de diferentes grupos de interesses. Quando se esgotarem as possibilidades de superar essas divergências, a estrutura sugere passar para a quarta fase. Este período é dedicado a compreender as causas fundamentais de conflitos recorrentes e subgrupos incorporadas nos fatores estruturais, estratégicos, de governança e de gestão.
Os resultados dessa etapa mostram as opções de caminho para a cooperativa: saída, status quo, desova ou reinvenção. A fase cinco é o processo de escolher entre as quatro opções. Cooperativas duradouras geralmente escolhem a reinvenção. A reinvenção sugere uma mudança significativa em qualquer subconjunto ou na totalidade das seguintes políticas ou práticas: (i) mudar o propósito, (ii) mudar a cultura de membro e funcionário, (iii) alterar os direitos de reivindicação residual e/ou (iv) alterar os direitos de controle. Se a adesão concordar com a opção de reinvenção, a cooperativa inicia um novo ciclo de vida.