Por Aline Kerber, socióloga e especialista em segurança cidadã
A violência urbana já costumeira, o medo e a tensão política têm nos deixado à beira de um sentimento sem igual de que, a qualquer momento, seremos a próxima vítima da criminalidade. Fatos como a morte de uma pessoa em uma das maiores instituições de ensino superior da Capital gaúcha agudizam essa sensação de insegurança, de falta de controle público da problemática da banalização da vida.
Mas, afinal, o que dá para fazer para virar este jogo que preocupa sobremaneira os(as) brasileiros(as)? As experiências nos mostram que é fundamental as evidências falarem mais alto que os achismos do senso comum que nos levam a soluções fragmentadas e pouco efetivas, como a “justiça pelas próprias mãos”.
Para reverter esse quadro, a ‘Agenda RS Pela Paz’ apresenta 90 propostas e sugere um modelo de políticas públicas orientado por resultados com priorização dos crimes letais, ante a escassez de recursos financeiros e humanos, a partir da focalização territorial de ações baseadas no conhecimento e em estratégias integradas de controle e de prevenção dos homicídios (nos últimos 15 anos, cerca de 30 mil pessoas assassinadas no Estado).
Só será possível conter a criminalidade violenta no RS se o trabalho da prevenção e o da repressão estiverem lado a lado. Nesse sentido, a Agenda propõe a criação de um departamento estadual de enfrentamento ao crime organizado, lavagem de dinheiro e facções criminais, invertendo a lógica da prisão de pequenos traficantes em flagrante para prisões mais qualificadas, porque calcadas em investigações criminais que rastreiam o dinheiro dos negócios ilícitos - resultando em medidas que desmantelem a economia do crime. Ainda, são primordiais o controle rigoroso da circulação de armas de fogo, incluindo as de posse da segurança privada e a qualificação de políticas de atenção à primeira infância e às juventudes, evitando a evasão escolar.
Agenda RS Pela Paz propõe a criação de um departamento estadual de enfrentamento ao crime organizado, lavagem de dinheiro e facções criminais
Precisamos priorizar a segurança que queremos para promover a dignidade de todas as pessoas, para além de cortinas de fumaça que protegem alguns e matam muitos.