Por Paulo R. Antonacci Carvalho, coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott) do HCPA.
A possibilidade de transplantar um órgão ou tecido que adoeceu e que perdeu a capacidade de recuperação continua sendo uma das maiores conquistas da humanidade na área da saúde. Chegou-se a este avanço após muitas pesquisas e descobertas nos campos da medicina, da imunologia e da farmacologia. Elas proporcionaram aos pesquisadores pelo menos oito conquistas do Prêmio Nobel em Medicina e Fisiologia ao longo do último século.
No Brasil, hoje se realizam praticamente todos os tipos de transplantes, tanto de órgãos sólidos (coração, pulmão, fígado, rim e pâncreas) quanto de tecidos (córnea, medula óssea, pele, osso, tendão, válvula cardíaca), pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em quase todos os estados da federação. E o Sistema Nacional de Transplantes regula e normatiza o funcionamento das Centrais Estaduais de Transplantes, que administram as listas de pacientes que necessitam de transplante de acordo com o órgão esperado. Pode-se dizer que no SUS é o programa de maior confiança e credibilidade, sem qualquer risco de clientelismo ou favorecimento.
A nossa principal missão como instituição de assistência à saúde é salvar vidas, prestando o melhor atendimento possível e empregando os mais modernos recursos tecnológicos e humanos disponíveis. O HCPA realiza praticamente todos os tipos de transplantes de órgãos e tecidos — em torno de 450 a 500 procedimentos por ano.
Entretanto, não bastam recursos tecnológicos ou competência profissional para realizar transplantes e salvar ou melhorar tantas vidas. Porque os transplantes de órgãos e tecidos dependem de uma condição muito complexa, mas também muito singela — a doação dos órgãos e tecidos de alguém que já partiu. Muitas vezes, o "nascer de novo" para alguém que espera por um órgão está muito mais próximo do que imaginamos, ou depende de um gesto muito simples, ainda que num momento muito difícil. A doação de órgãos salva vidas que estão se esgotando ou melhora muito a qualidade da vida de quem não a tem mais.
Quando você ou um familiar partir, dê uma chance de vida para quem espera por um transplante. Estamos em setembro, mês da doação de órgãos, uma oportunidade de conversar em família e declarar a todos que você é um doador de órgãos!