
Paralelamente a campanhas de conscientização sobre a importância da doação de órgãos, a ciência busca melhorias nos procedimentos de transplantes e até alternativas à transferência de órgãos entre humanos. Hoje, já há máquinas de preservação que ampliam o tempo de resistência de um órgão da retirada do corpo do doador até a implementação no receptor — um avanço de grande valia numa área em que tempo significa chance de viver.
Os estudos ainda priorizam reduzir as taxas de rejeição aos órgãos implementados e os paraefeitos das medicações que são utilizadas para isso. Atualmente, a pessoa que passa por um transplante precisa tomar remédios contra a rejeição a vida toda.
— A grande questão dos transplantes é conseguir essa tolerância — resume o coordenador de transplantes da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Valter Duro Garcia.
Noutra ponta das pesquisas, há avanços no chamado xenotransplante, em que o procedimento envolve espécies distintas. Grosso modo, explica Garcia, já se avança na utilização de corações e rins de porco em transplantes. Claro, são animais devidamente preparados para esse fim. A experiência já foi feita em macacos muito semelhantes aos humanos, e conseguiu-se sobrevida que ultrapassou um ano. Essa alternativa não teve o mesmo sucesso quando se tratou de pulmões e fígado.
Outro caminho seriam os moldes de órgãos em 3D, também utilizando corações de porcos. Numa explicação bastante resumida, faria-se um molde do coração do animal e retiraria-se as células dele que seriam trocadas por células da pessoa que receberia o órgão. Essas células — um tipo muito específico de célula tronco _ "povoaria" o órgão antes de ser implantado, o que reduziria as chances de rejeição.
— Esse deve ser nosso futuro — acredita o especialista.
Enquanto não chegamos neste tempo, a vida de muitos depende da vontade de famílias de abraçar a causa da doação de órgãos.
— Para mim, a doação é uma possibilidade que a vida nos dá de fazer o bem, de dar sentido a nossa existência — diz a médica Luciana Segala.