Por Manoel Soares, jornalista
As façanhas que devem servir para toda a terra precisam ser mais bem calibradas quando falamos do museu que foi criado no Acampamento Farroupilha. A exposição de uma senzala é de uma deselegância social que chega a assustar. Será que quem concordou com esse absurdo se colocou no lugar de uma criança negra que visita o acampamento? Imaginaram que ela está se construindo socialmente e vai deparar com imagens que mostram sua pele ser açoitada como a de um animal?
Tive a oportunidade de visitar o Museu do Apartheid na África do Sul. Antes de fazer algo tão grotesco e agressivo, nossos irmãos tradicionalistas deveriam ter passeado na terra de Nelson Mandela e visto como se trata a dor alheia.
Se o custo fosse muito alto, bastava se perguntarem por que, ao falar sobre negros, não usaram a mesma delicadeza e cuidado corretamente adotados quando o assunto é o Tibete, o Holocausto, a guerra na Síria ou a bomba atômica no Japão. Sem isso, lamento informar que existe um nome: racismo estrutural. Achar que, por ser a história negra, não merece tanto zelo, por ser dor de negros não exige tanto cuidado, é fruto de um pensamento de racismo enraizado.
Em nome dos milhares de negros que amam o Rio Grande do Sul, seria de bom tom um pedido de desculpas formal e o fechamento imediato daquela homenagem a um dos maiores crimes contra a humanidade em espaço público.