Por Alex Pipkin, professor doutor e consultor empresarial
Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira. Será mesmo? Claro que todos mentimos – e frequentemente. O ser humano é criatura dissimulada. A maioria dos indivíduos simula sentimentos como raiva, tristeza, carinho e amor. "Mentiras brancas", rotineiramente, são proferidas visando não ferir sentimentos alheios; funcionam como espécie de autopiedade.
Esse tipo de inverdade parece ser "moralmente aceitável". Mentir para si mesmo pode exercer efeito "terapêutico e motivacional". Dotar as pessoas de otimismo e senso de conquista. Em nível empresarial, a liderança lança mão da criatividade para inflamar as pessoas na organização, na busca de grandes propósitos.
O abissal óbice é que o mundo está mergulhado na era do politicamente correto, acompanhado de uma espécie de "ego narcisista". A mentira sobre "os outros" e o politicamente correto são destrutivos, mancham reputações ilibadas. Mentirosos narcisistas miram seus próprios umbigos e interesses grupais. No mundo das redes sociais, tudo parece ser verdade, todos são juízes motivados, muitas vezes, pelo anonimato.
Desde Smith, sabe-se que indivíduos agem guiados pelo interesse próprio. Em uma genuína democracia, a liberdade de expressão – exatamente aquilo que o politicamente correto enseja limitar – e o contraditório são essenciais, mas sempre acompanhados de argumentos críveis suportados por evidências robustas. Na atualidade, reinam retórica e argumentos etéreos. Abaixo o politicamente correto, que perpetua gerações de mentirosos. Propagam-se falsas "verdades", não apenas pequenas inverdades. É necessário criticar posicionamentos divergentes de forma respeitosa, inteligente e, sobretudo, com base naquilo que se conhece.
Nesta esteira, sim, é preciso julgamento e muito discernimento. Discernimento para se avaliar com base nos "verdadeiros fatos". Julgar, precisamente, quem e o que diz e faz– e fez. Calar-se conduz ao nada. Nunca foi ou será presumível agradar a todos! Inevitável, portanto, defenderem-se verdades, valores e evidências. Sem asperezas e fruto do puro desejo.