Por Fábio Bernardi, sócio-diretor de criação da Morya
Com o fim da Copa do Mundo e o início das convenções partidárias, inicia-se o período eleitoral. Você pode não gostar de política e achar absurdo o voto ser obrigatório. Mas, se isso pode mesmo mudar a sua vida, que tal dedicar um tempinho para esse assunto chamado seu futuro? Até porque, agora, ainda estamos diante da melhor parte de tudo isso: os candidatos.
Os candidatos são a melhor coisa da eleição. É claro que, entre eles, há os bons e os ruins, os honestos e os canalhas, os competentes e os idiotas, os ideológicos e os pragmáticos, os bem-intencionados e os falcatruas. Há de tudo, como também há na sociedade. E é justamente aí que mora a beleza deste período de campanha: a gente pode decidir quem são os melhores para nos representar. O problema é que esta representação não é linear. Bastaria que os bons escolhessem os bons e estava tudo resolvido, já que eu acredito que há mais gente boa no mundo do que o contrário. Mas, diabos, nem sempre os bons escolhem os bons, e a maioria faz justamente o oposto. Só que, depois, esta mesma maioria esquece que, como diz um ditado português, jabuti não sobe em árvore – se está lá é porque alguém o colocou. Não existe essa coisa de eles, os eleitos, e nós, os eleitores. Eles só estarão lá se nós, aqui, assim quisermos, decidirmos e votarmos. Ninguém vem ao mundo eleito por geração espontânea. “Alguéns” os colocaram lá com milhares, ou milhões, de votos.
Por isso, estamos naquele exato momento de nossas vidas em que precisamos acordar para a dura realidade: se quisermos políticos melhores, teremos que ser eleitores melhores. Simples assim. Podemos esbravejar contra a política, mas teremos inevitavelmente um encontro com ela em alguns meses. E é ali que poderemos mudá-la, se assim realmente quisermos. E o primeiro passo é parar de ficar jogando palavras de indignação vazia ao vento, como se torpedear o Lula e votar no Bolsonaro (e vice-versa) fosse algum tipo de mérito. É preciso que tenhamos mais equilíbrio e bom senso, se quisermos ver o mesmo em nossos representantes. A mesma política que nos deu mensalão, Lava-Jato, negociatas, altos impostos e aumentos de privilégios, também produziu o Plano Real, o Prouni, o Bolsa-Escola, os genéricos, o FGTS e tantos outros avanços que mudaram muitas vidas para melhor.
A política pode ser problema ou solução. E, para isso, você, como eleitor, precisa decidir primeiro de que lado quer estar. Depois de eleitos, a responsabilidade é deles. Até lá, a responsabilidade é nossa.