Por Fábio Bernardi, sócio-diretor de criação da Morya
Os deputados do PT que esperaram casuísticamente o dia do plantão de um ex-filiado para apresentar um habeas corpus torto estavam errados. O argumento do pedido, de que o ex-presidente ser pré-candidato é um fato novo no processo, estava errado. O desembargador de plantão, ao extrapolar sua competência, estava errado. O mesmo desembargador, ao não se declarar impedido para tal, pelo seu histórico partidário, estava novamente errado. O juiz que condenou Lula, ao estar em férias e, ainda assim, despachar, estava errado. O mesmo juiz, ao morder a isca marota, estava duplamente errado. A Polícia Federal, ao tergiversar para cumprir uma ordem judicial, estava errada. O STF, que ficou fazendo decisões apressadas e amalucadas antes do recesso, desdizendo e desmoralizando a si mesmo, estava errado. O PT, que já tinha preparado até festa em Curitiba, estava errado. Os bolsonaristas, que já contabilizavam os ganhos eleitorais, estavam errados. O José Dirceu, que gravou vídeo dizendo que o domingo era um dia especial porque o Lula tinha sido solto, estava bem errado. A GloboNews, ao desencavar uma foto do juiz de plantão ao lado de Fidel Castro, estava um pouco errada. Os lulistas, ao acusarem a emissora de fomentar um golpe contra o ex-presidente, estavam bitoladamente errados. Os que viram no movimento do juiz de plantão algo corriqueiro e isento estavam cegamente errados. Os que divulgaram o número do telefone celular do mesmo juiz em redes sociais, juntamente com a foto dos seus filhos pequenos, estavam criminalmente errados. Os que usaram esse número de telefone para xingamentos e ameaças contra ele e sua família estavam imbecilmente errados. Os que preferem ver a eleição como um fla-flu sanguinolento estão civicamente errados. Os que imaginam que a política, o judiciário e o empresariado não são cúmplices entre si, e estão cumprindo seu papel de forma independente, estão incrivelmente errados. Você, que imaginava um domingo sem Copa monótono e empatado em casa, estava errado. Eu, que sempre alimento a esperança de um dia recuperar minha crença no Brasil, estou errado.