Por Themis Groisman Lopes, psiquiatra e escritora
A greve de dez dias dos caminhoneiros nos leva a pensar e repensar sobre suas origens e consequências. Em primeiro lugar a paralisação não nos sugere ser de uma só categoria, mas de uma nação inteira, que clama por seus direitos. Eles foram os porta-vozes de um povo que não suporta mais a corrupção e a espoliação, que atinge principalmente os menos favorecidos.
Reportando-nos à História, sabemos que o esbulho dos cidadãos, como por exemplo, na França, Estados Unidos e Rússia foi o estopim das grandes revoluções, resultando na proclamação da República, na Independência Americana, e na queda da Monarquia, respectivamente.
Nosso país passou dez dias sem combustível para abastecer o transporte público e os carros particulares. Essa situação gerou falta de suprimentos nos supermercados e dificuldades de acesso a outros serviços. Raros conflitos ocorreram. Poucas pessoas deixaram de trabalhar. Poupamos gasolina e vivemos com menos consumo. Não houve revolução e já estamos com as faltas supridas.
Agradecemos aos caminhoneiros que despertaram os governantes para os desmandos que se arrastam há tempos; os excessos tributários; a marginalização dos que mais labutam, mas principalmente chamaram a atenção dos políticos para temas que foram ignorados pelos mesmos.
Então veio o diálogo, a conversação, um olhar para baixo e a situação resolvida. Postos com gasolina, produtos voltando aos supermercados e o povo percebendo a imensa força que tem, sendo a principal, a boa escolha de nossos representantes.
Vivemos num país imenso em grandezas e com uma natureza privilegiada, como já dizia Pero Vaz de Caminha em sua carta ao rei de Portugal: "nele se plantando tudo dá."
Povo brasileiro, vamos cada um fazer a nossa parte, alertando mais e mais as nossas instituições, provando que o Brasil pode exibir com o maior orgulho o lábaro que ostenta estrelado.