Um dos poucos méritos desse governo é a queda da Selic com controle da inflação. Ainda assim, a economia não se recupera como esperado. Ninguém quer investir antes do desenrolar dos próximos capítulos da política nacional frente às sucessivas ondas de desmantelamento de esquemas de corrupção.
Não é que esperem a corrupção acabar para investir. O que está em questão é a definição do novo grau aceitável de corrupção. As novas regras do jogo.
Até agora, várias das regras que foram definidas não são boas. Usar dinheiro público desviado na campanha eleitoral? Pode. Os tribunais não cassaram as candidaturas que o fizeram em 2014. Esconder a situação fiscal do país, enquanto presidente, para ganhar eleição? Pode. O processo do impeachment não levou esse fato em consideração.
Reinvestir no Exterior dinheiro que você só conseguiu gerar porque teve empréstimo indevido do BNDES? Pode. Os irmãos Batista, da JBS, estão escapando para os EUA. Aparelhar o sistema judiciário para empurrar seus processos até caducarem? Pode. O PSDB emprega essa tática rotineiramente.
Quanta corrupção há nos bancos sediados em Londres e Hong Kong, ou nas corporações de Nova York? Certamente, muita. Quão sujas são as negociações de países como Suécia, França e Israel para vender armas? Sujas o suficiente para fechar negócio quando querem.
A diferença é que, lá fora, algumas formas de corrupção foram legalizadas e institucionalizadas. É isso que está acontecendo no Brasil. Não tem nada de romântico. É o Estado absorvendo e incorporando práticas de corrupção para criar estabilidade e previsibilidade.