Vivemos um tempo difícil. Instituição após instituição, sucumbe nossa democracia. Como muitos, já não acredito tanto na nossa nação. A pergunta que me faço é sobre o pouco que creio. No que realmente acredito? O que significa o Brasil para mim?
Foi o povo que conseguiu, nos últimos cem anos, erguer uma das maiores nações do planeta, sem precisar destruir completamente alguns dos principais biomas desse mesmo planeta. Para quem nunca olhou de fora, pode parecer pouco. À distância, é um dos maiores feitos da humanidade no último século. É algo que podemos estudar, aprofundar e ensinar. Inspirar o resto do mundo.
É pampa, cerrado, mata, floresta. São as histórias gaúchas, pantaneiras, caipiras, ribeirinhas. Identidades construídas a partir da relação com toda forma de vida em volta da gente. E que agora se misturam em algumas das cidades mais pulsantes já construídas.
Como um último sopro de esperança, eu digo: ainda temos uma biodiversidade ímpar. Recursos naturais e genéticos que todo mundo gostaria de ter. Também temos um princípio de capital humano, que pode ser ampliado, investindo em educação. Precisamos deixar de vender commodities para liderar em biotecnologia, alimentos nutritivos, energia limpa. É nosso caminho natural.
Nesse início de século 21, estamos em uma posição estratégica que pode não ser a melhor, por conta dos problemas que nós mesmos criamos, mas está longe de ser a pior. O que falta é a clareza de que é na nossa relação com a vida que reside nossa maior fortaleza.