A estrutura tradicional de cargos e salários e de crescimento vertical ainda dominam o modelo mental da maior parte das pessoas no ambiente corporativo.
Os profissionais seguem obcecados pela nomenclatura das posições que ocupam ou almejam.
A origem dessa paranoia pelo cartão de visitas mais glamouroso está nos antigos planos de carreira. O jeito de crescer era definido em uma extensa lista de cargos, e o status social era definido pelo cargo.
Estamos em uma nova fase na qual as posições estão mais restritas pelas sucessivas ondas de reestruturação e enxugamento das empresas. Pensar em um plano de carreira previsível é uma ilusão. Ele não existe mais em boa parte das empresas.
A ascensão vertical, agora, é limitada. Mesmo as grandes companhias ficaram com as estruturas mais enxutas. Os níveis hierárquicos vêm sendo reduzidos desde o início das famosas "reengenharias" dos anos de 1990. Naquela época, as empresas chegavam a ter de 15 a 20 degraus de hierarquias. Era um festival de posições e espaços de crescimento linear.
Hoje, não passam de sete níveis. Isso não significa ausência de oportunidades, mas menor quantidade de cargos a serem ocupados. Essa ideia fixa de crescimento pelo cargo é obsoleta.
O raciocínio é oposto: ficar reduzido ao cargo pode apontar para um caminho único. Essa visão limitada faz com que atividades e espaços laterais sejam esquecidos ou entendidos como apenas mais um fardo a ser carregado.
O novo mundo do trabalho exige que o profissional faça constantes reflexões para contribuir mais na empresa, e passe a aproveitar oportunidades em áreas diferentes, independentemente do cargo que ocupa.
A principal transformação do mercado está no papel do indivíduo. Ao invés de ser coadjuvante, que ficava esperando a empresa ditar os seus passos, o profissional contemporâneo precisará ser protagonista. Tem de explorar oportunidades e estudar o negócio. Ser propositivo no lugar de aguardar ou reclamar por espaços de crescimento que deveriam ser ofertados.
Para ser o ator principal da própria carreira, é necessária uma atitude curiosa. Ser um explorador de alternativas, desafio que passa pela transformação do modelo mental individual e que permite refletir e agir na carreira pensando muito além do cargo que ocupa.