Todos nós assumimos responsabilidades ao fazer ou não fazer escolhas. E as perdas por escolhas não feitas, por situações não enfrentadas, são até maiores. A classe política gaúcha, a duras penas, acabou fazendo o seu papel com persistência e coragem para votar e aprovar um projeto que dá um fôlego importante ao rumo catastrófico das finanças e do desenvolvimento do
Rio Grande do Sul. Já em âmbito nacional, a classe política está perdendo a chance de promover uma mudança histórica, se não votar neste mês a reforma da previdência e outros projetos que evitam a deterioração fatal das finanças do país. Desarticulados, os políticos avessos às inovações preferem empurrar para o futuro o destino de todos.
Aderindo ao Regime de Recuperação Fiscal, com a autorização e apoio da Assembleia Legislativa, o Estado estima um alívio no seu caixa futuro, com a suspensão dos pagamentos da dívida até 2020, num total aproximado de R$ 11 bilhões. Entre outras vantagens, terá abertas as portas para a contratação de novos empréstimos nacionais e internacionais.
Tal feito requer contrapartidas, e é aí que a miopia aparece. Para suspender o pagamento da dívida por três anos, o Estado terá de comprometer-se a não aumentar salários dos servidores e a alienar algumas estatais, o que esbarra na ideologia de partidos e, consequentemente, impacta no voto dos eleitores.
Para vislumbrar um futuro melhor para todos os brasileiros, a postura política requer grandeza e amplitude de visão. É preciso compreender que garantir uma melhor qualidade de vida na aposentadoria exige cuidados antecipados da previdência, dando-lhe fôlego ao equiparar a aposentadoria do setor público com a do setor privado e para cobrir as retiradas, que tendem a crescer com o envelhecimento da população.
A reponsabilidade pelas escolhas – enfrentar ou não para valer o desequilíbrio das finanças públicas – também é de cada um de nós. Não podemos desistir do Rio Grande do Sul nem do Brasil. Cabe a nós intercedermos junto aos que elegemos para que façam a sua parte, exercendo o dever de cidadãos do bem que precisam olhar além de uma eleição.