No colégio eleitoral, até o momento, Trump conquistou 290 delegados e Hillary, 232. Com quase 100% dos votos populares apurados, Trump teve 59.827.920 votos e Hillary, 60.136.735. O Partido Republicano mantém sua maioria no Senado (R=51; D=46) e na Casa de Representantes (R=238; D=193).
Na Suprema Corte, Trump poderá substituir a indicação do moderado Merrick Garland, feita pelo presidente Obama e não examinado pelo Senado, para a vaga deixada pelo falecimento de Antonin Scalia em fevereiro de 2016.
Hoje, a Suprema Corte está dividida em quatro liberais e quatro conservadores. Trump poderá assegurar uma maioria conservadora na Suprema Corte. Os conservadores serão maioria no: Executivo, Legislativo e Judiciário.
São relevantes dois fatos: (1) nas duas eleições de Obama (2008 e 2012), os republicanos McCain e Romney fizeram, respectivamente, 59,9 e 60,9 milhões de votos. (2) os candidatos independentes, em 2008 e 2012, tiveram aproximadamente 1,8 e 2,2 milhões, respectivamente, e, em 2016, até agora, quase 6,5 milhões votos. Os votos de Trump e Hillary, muito próximos aos votos dos republicanos de 2008 e 2012.
Nos Estados "pêndulo", Wisconsin e Michigan, por exemplo, os votos de Trump foram quase iguais aos de Romney (2012). Em Ohio, Trump teve vitória expressiva. Na Flórida, ele superou a votação de Obama (2012), em quase 400 mil votos.
Os independentes cresceram bastante.
A derrota de Hillary talvez possa ser atribuída à rejeição à candidata. Trump falou direto à classe média e desempregada e com medo do desemprego. Houve, creio, um voto contra a elite política, contra a globalização e a favor de quem fez discurso populista de "esperança".
E a política externa de Trump como será? O acordo nuclear com o Irã será mantido? O presidente Hassan Rouhani espera que não. E questão do mar do sul da China? A China quer expandir seus limites para assegurar rotas comerciais pelo estreito de Malaca. Conflita com os interesses de Filipinas (Ilhas Spratly), Vietnam (Ilhas Paracel e Costa Central), Indonésia (Mar Arafura) e Estados Unidos (Oeste de Hainan). Além das pretensões no mar do Japão, no mar do sul da Coréia, no mar Amarelo etc. [O Comitê Central do Partido Comunista e o Premier Xi Jinping parecem sonhar com a China voltar a ser o Império do Meio.] A China será, se já não é, uma ameaça geopolítica e estratégica para os Estados Unidos.
Como Trump lidará com o acordo sobre o Clima? E Cuba? Não só nos Estados Unidos há ventos isolacionistas e regressivos. Vejam o Reino Unido, com o Brexit e a posição da Escócia; a Espanha, com a Catalunha e sua dificuldade na estabilização política; os movimentos de direita na Alemanha, Hungria e França; o plesbicito da Colômbia; a situação da Venezuela; o plesbicito na Itália...
Aqui, o resultado foi recebido com surpresa e resignação. Trouxe dúvidas sobre o sistema indireto do colégio eleitoral. Mas gera mais dúvidas quanto ao futuro.