Em tempos de crise política, corremos o risco de jogar fora a criança junto com a água suja da bacia. O problema da democracia não é o governo de coalizão, pois nenhum partido consegue sozinho conquistar ao mesmo tempo um cargo majoritário e ter maioria no parlamento. O erro não é ter como princípio as alianças, mas sim ter alianças sem princípios.
Precisamos construir um projeto comum de cidade, de Estado ou de nação que unifique partidos diferentes. Infelizmente, muitas alianças acabam ruindo pela ausência de um amálgama que unifique posições diferentes no espectro ideológico. As coligações precisam se reunir a partir de um programa de governo e não em razão de cargos ou espaços na máquina pública.
Há no Brasil uma crescente criminalização da política. Em razão disso, estamos, em alguns casos, rejeitando princípios que norteiam as democracias maduras em todo o mundo. Precisamos aprender com esses países a importância de alianças programáticas e a falência das composições fisiológicas.
A decomposição das coligações partidárias resulta também da posição imperial de muitas agremiações, que ao assumir o comando querem manter-se sempre na cabeça de chapa. Precisamos de uma nova política e isso exige protagonismo compartilhado. Significa que temos que construir projetos que transcendam pessoas ou partidos, que permitam a recondução de projetos coletivos, baseados na alternância.
Nestas eleições municipais, temos que construir frentes com lideranças e partidos que estão na defesa da democracia e da legalidade e dar continuidade aos projetos que iniciamos. O grande desafio do PT é buscar velhos e novos aliados. Com humildade, precisamos fazer autocrítica, corrigir erros e nos reinventar.
Esta visão de protagonismo compartilhado é o que nos levou a construir uma frente com 14 partidos em Canoas, unidos em torno da continuidade um projeto que vem dando certo, tendo a vice-prefeita Beth Colombo como nossa pré-candidata a prefeita. Penso que deveríamos buscar esse caminho em outras cidades.
As disputas que estamos travando no cenário nacional para manter o mandato legítimo, sufragado por 54 milhões de brasileiros, da presidente Dilma Rousseff exige humildade e unidade. Em 2016, devemos acumular forças e construir um grande bloco político que produza as transformações necessárias, que possibilitem um futuro de esperança, superação e crescimento para o Rio Grande e para o Brasil.