A campanha para o pleito municipal deste ano ainda está longe de começar, mas é oportuno que, desde já, entidades da sociedade civil se mostrem mobilizadas por uma disputa mais limpa, com atenção especial para o combate ao caixa 2 eleitoral. Motivadas pela vitória obtida no Supremo Tribunal Federal (STF) em favor do fim das doações empresariais a partidos e candidatos e do fim das doações ocultas, algumas instituições e entidades estão conclamando os eleitores a se unirem na luta contra práticas como o abuso do poder econômico e artifícios como os chamados CPFs de aluguel, usados para tentar dar uma aparência de licitude a contribuições indevidas.
O Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil lideram as iniciativas, que já dispõem dos bons resultados anteriores como estímulo a quem pretende aderir às campanhas. O fim do financiamento empresarial, que está na origem da corrupção, e a Lei da Ficha Limpa, são as duas melhores referências exitosas de mobilizações pela moralização da política. É oportuno que o principal foco agora passe a ser o caixa 2, tratado até o momento com certa condescendência pelos políticos. Há um esforço inicial para conscientizar as comunidades, no sentido de exigir lisura no próximo pleito. Ao mesmo tempo, está previsto encaminhamento de projeto de lei ao Congresso para que as contribuições a campanhas feitas secretamente sejam consideradas crimes. Outras propostas, que devem ser contempladas em pelo menos 20 projetos a serem sugeridos ao parlamento, tratam, entre outras questões, do aumento da pena mínima de condenado por corrupção.
O fato de que advogados e procuradores federais participam da mobilização favorece a sensibilização da sociedade, em meio aos exemplos da Operação Lava-Jato. Mas é preciso ir mais adiante, como reconhece o MP, para que a Justiça não seja lenta e se reduzam os infindáveis recursos a favor de processados. A tarefa final, porque as mudanças dependem de leis, é do Congresso. Mas, para que o desfecho seja o esperado, o movimento pela qualificação da política depende de todos os cidadãos.