Grupos organizados que se opõem ao governo Dilma programaram para este domingo várias manifestações nas principais cidades do país em favor do impeachment. Será a primeira mobilização geral depois que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acolheu o pedido de afastamento da chefe da nação. Por trás dos protestos, estão organizações civis como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua (VPR), que também se programaram para pressionar os parlamentares indecisos ou contrários ao impedimento.
Ambas as iniciativas são legítimas e democráticas, desde que se mantenham dentro dos limites da civilidade e do respeito a quem pensa diferente. Vale o mesmo para quem discorda da manifestação. É de esperar, também, que as autoridades estejam preparadas para garantir a ordem pública e para mediar conflitos, quando for necessário. Um bom exemplo foi a Marcha dos Sem, realizada ontem sem incidentes.
Há um consenso entre as lideranças políticas e empresariais mais experientes de que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff está diretamente relacionado à situação da economia. Se piorar, aumenta a pressão popular, pois pessoas afetadas pela inflação e pelo desemprego tendem a se manifestar contra o governo e a engrossar o contingente de indignados. Se a economia der sinais de recuperação, os protestos tendem a enfraquecer.
Nesse contexto, só não cabe torcer ou agir para que o pior aconteça. É de se esperar que tanto os adversários políticos da presidente quanto os seus aliados defendam primeiramente o Brasil, o bem-estar da população, o aumento da qualidade de vida para todos. Se os governantes não estão correspondendo, devem ser avaliados e julgados de acordo com as regras constitucionais - com ou sem impeachment, mas certamente de forma ordeira e pacífica.