Poucas vezes se viu um político investido de poder debochar tanto do país como está fazendo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao operar nos bastidores sucessivas manobras para barrar ou retardar seu próprio julgamento pelo Conselho de Ética da Casa. Conhecedor profundo do regimento interno e cercado de uma verdadeira tropa de choque, formada por alguns parlamentares que lhe devem favores, Cunha transformou a principal casa política do país em refém de seus interesses, depois de ter mentido a seus pares sobre os depósitos suspeitos que detém no Exterior.
É ofensivo para os cidadãos e degradante para a política que um parlamentar com esse comportamento continue ocupando o terceiro posto na linha de sucessão presidencial. Cunha menospreza a inteligência das pessoas. Flagrado em contradição quando o Ministério Público conseguiu comprovantes dos depósitos que mantém na Suíça, ele alegou que é apenas usufrutuário das contas e que, portanto, não havia mentido. Tudo isso sem corar.
Já está se tornando uma questão de honra para a parcela sadia da classe política, para as instituições e para os cidadãos defensores da ética afastar do cargo e também do mandato esse homem que desvirtua a atividade parlamentar e se julga mais esperto do que o restante da nação. Se não for pelo Conselho de Ética, que está encontrando dificuldade para fazer o seu trabalho, que seja por decisão judicial, uma vez que o Supremo já está sendo demandado para interferir no episódio. Obviamente, a legislação deve ser respeitada, mas tem que existir um caminho legal e célere para livrar o país de tão deletéria presença.